Aula 47 – A Parceria Entre Família, Escola E Comunidade



Começo este capítulo reafirmando que é de fundamental importância que a família esteja engajada diretamente neste projeto de Escola Inclusiva. Não podemos esquecer inicialmente que o nascimento de uma criança com algum tipo de deficiência já traz várias reações e sentimentos à família e uma desorganização emocional, a qual só reencontrará o equilíbrio com a aceitação do fato.



Quanto maior for essa aceitação maior será o envolvimento no processo terapêutico e educacional da criança. Papéis que pais e professores desempenham no desenvolvimento e educação da criança são próximos e complementares e podem proporcionar à criança melhores oportunidades no desenvolvimento de suas capacidades, seja qual for a sua limitação.



Posso propor a você, pai, mãe e/ou familiares, que uma das primeiras formas para realizar isto pode ser a de fazer a “lição de casa” com seu filho, fazendo uma revisão do que foi feito na sala de aula nesse dia e tendo atitudes como estas:



Participar de reuniões da equipe escolar para planejar, adaptar o currículo e compartilhar sucessos.



Ser incorporados pela escola como parceiros de planos da equipe, participando de todos os aspectos operacionais da escola.



Estar nas atividades extracurriculares e terem acesso a treinamentos relevantes.



A escola desenvolver informações sobre os serviços de apoio à família, pois nesta interação escola/família, a Inclusão Escolar obterá muito mais êxitos.






Quero mostrar doze pontos do texto “The Kansas checklist for identifying characteristics of effective inclusive programs”. Sua primeira edição saiu em novembro de 1993, tendo uma reimpressão em dezembro do ano seguinte. Este documento foi escrito por um grupo de técnicos e pais das seguintes cidades do Kansas: Horton, Hiawatha, Eudora, Sublette, Hugoton e Lakin. O documento também foi compilado por Terry Rafalowski-Welch, Michelle Luksa e Julie Mohesky-Darby. Segundo o texto, ocorre envolvimento da família nas práticas inclusivas da escola quando:



Existe, entre a escola e a família, um sistema de comunicação (telefonemas, cadernos etc.) com o qual ambas as partes concordam.



Os pais participam nas reuniões da equipe escolar para planejar, adaptar o currículo e compartilhar sucessos.



As famílias são reconhecidas pela escola como parceiras plenas junto à equipe escolar.



As prioridades da família são utilizadas como uma base para o preenchimento do Plano Individualizado de Educação (PIE) do seu filho, base essa que será completada com partes do conteúdo curricular.



Os pais recebem todas as informações relevantes (os direitos dos pais, práticas educativas atuais, planejamento centrado na pessoa, notícias da escola etc.).



Os pais recebem ou têm acesso a treinamento relevante.



Os pais são incluídos no treinamento com a equipe escolar.



Os pais recebem informações sobre os serviços de apoio à família.



Existem à disposição de membros das famílias serviços de apoio na própria escola (aconselhamento e grupos de apoio, informações sobre deficiências etc.).



Os pais são estimulados a participarem em todos os aspectos operacionais da escola (voluntários para salas de aula, membros do conselho da escola, membros da Associação de Pais e Mestres, treinadores etc.).



Existem recursos para as necessidades especiais da família (reuniões após o horário comercial, intérpretes da língua de sinais, materiais traduzidos etc.).



A escola respeita a cultura e a etnicidade das famílias e reconhece o impacto desses aspectos sobre as práticas educativas.



Todos esses pontos comprovam que a Escola Inclusiva envolve a participação da família e da comunidade, as quais podem contribuir para fortalecer e multiplicar as ações inclusivas. Isto prova mais uma vez que professores e diretores não podem promover a inclusão de uma criança com necessidades educacionais especiais sozinhos. Para esse sucesso, será de fundamental importância o envolvimento de todos!



Como eu já disse no capítulo anterior e volto a frisar sobre a importância de se dar “atenção e valorização às pequenas conquistas de uma criança com deficiência”! Isto já será uma atitude positiva dos pais em relação à participação e às potencialidades dele e, também, à sua inclusão escolar e social.



Além da parceria entre escola e família, ambas devem buscar parcerias com outros setores da sociedade, visando promover meios para que as pessoas com deficiência sejam inseridas nesses espaços e para que a própria comunidade se desfaça de resistências e preconceitos. Para isso, há opções como os centros de esportes, saúde, recreação e juventude. Todos sairiam ganhando com a geração de um espaço de trocas e cooperação.



Fechando este capítulo, quero mostrar como forma ilustrativa este trecho do livro-cartilha “Educação Inclusiva: o que o professor tem a ver com isso?” (Rede Saci, São Paulo, 2005), o qual aborda o envolvendo da comunidade escolar:



“É muito importante que a escola faça contatos com a sua comunidade. Muitas vezes, estes contatos ajudam a elevar a qualidade do atendimento escolar. No caso do atendimento às pessoas com deficiência, uma parceria feita com uma marcenaria, por exemplo, pode proporcionar um mobiliário mais adequado a estas necessidades. Por meio das Associações de Bairro pode-se melhorar a acessibilidade nas ruas daquela comunidade, para colocação de guias rebaixadas, por exemplo. Nas instituições especializadas no atendimento às pessoas com deficiência, pode-se conseguir: equipamentos como reglete, lupa, soroban (também chamado ábaco) para cegos e intérpretes de língua de sinais para surdos. Uma pessoa da comunidade que saiba linguagem de sinais (Libras) já é suficiente para que este conhecimento possa ser multiplicado e cada vez mais compartilhado com outras pessoas. A pessoa pode manter um diálogo constante com os postos de saúde, seja para encaminhar as crianças caso percebam algum sinal de deficiência, seja para trazer profissionais do posto para que possam falar para os alunos e seus pais sobre temas diversificados, tais como higiene bucal, exames de acuidade visual, importância de vacinação etc.” (pgs. 72-73).

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