Fontes Sobre A História Da Pessoa Com Deficiência No Brasil




Revisões históricas sobre a Educação Inclusiva e/ou pessoas com deficiência estão presentes em praticamente todos os trabalhos científicos nesta área. Então fiz uma seleção das cinco principais obras neste segmento.





“CAMINHANDO EM SILÊNCIO – UMA INTRODUÇÃO À TRAJETÓRIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA HISTÓRIA DO BRASIL”



 Escrita por Emílio Figueira e lançado em 2008 pela Giz Editorial, neste momento quando o tema Inclusão Social e Escolar estar em voga, “Caminhando em Silêncio” traça em suas 184 páginas o percurso das pessoas com deficiência na História do Brasil, dividido em quatro Unidades e treze Capítulos.



Na primeira, o leitor encontrará a política de exclusão entre nossos indígenas, o assistencialismo dos Jesuítas, a violência gerando deficiência entre os escravos, medicina, hospitais e reabilitação e o estabelecimento da cultura “deficiência associada à doença”.






A Educação é tema da segunda, abordado início das instituições e entidades assistenciais (1854-1956), legislações e políticas nacionais (de 1957 aos dias atuais) e Algumas entrelinhas da Educação Especial.



Três capítulos falam de consciência e organização política, o Ano Internacional de Pessoa Deficiente no Brasil, movimentos políticos da pessoa com deficiência e as Representações Sociais geradas pelos Movimentos. Por fim, a quarta unidade foca o assunto deficiências em algumas lendas brasileiras, as entrelinhas de nossa literatura e no contexto das expressões artísticas.



Fruto de uma pesquisa sistemática durante dez anos, seu contexto reforça a teoria que a maioria das questões que envolvem as pessoas com deficiência no Brasil – por exemplo, mecanismos de exclusão, políticas de assistencialismo, sentimentos de piedade, caridade, inferioridade, oportunismo, dentre outras -, foram construídas culturalmente. Na organização dos capítulos há uma forma didática e multidisciplinar, visando colaborar com várias áreas como Psicologia, Pedagogia, Sociologia, História, Medicina, Artes e afins.



ONDE ENCONTRAR: A obra está em sua terceira edição e pode ser encomendada no site da Amazon







“A EPOPÉIA IGNORADA” – A HISTÓRIA MUNDIAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM PORTUGUÊS



Para quem queria ingressar ou já atue com pessoas com deficiência (ou seja uma delas!), tem que, obrigatoriamente. ler “A Epopéia Ignorada – A pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje”. Escrita por Otto Marques da Silva, sua edição é de 1986, publicada pela Centro São Camilo de Desenvolvimento em Administração de Saúde – CEDAS.



Com 470 páginas, cinco anexos, dezessete ilustrações, “A Epopéia Ignorada” está dividida em duas partes. Na primeira foca a visão, conceitos das deficiências e das pessoas com deficiência ao longo da Pré-História, História Antiga, (Egípcios, Hebreus, Gregos e Romanos), Advento do Cristianismo, Império Bizantino, Idade Média, História Moderna e História Contemporânea, chegando em 1981 – Ano Internacional das Pessoas Deficientes.



Na segunda parte, Otto escreve sobre as causas de marginalizações das pessoas com deficiência, o significado da integração social (política em voga na época!), a questão da adequação pessoal como objetivo último da reabilitação, o preparo para a vida de trabalho, as equipes de reabilitação, a avaliação e o controle das atividades dos centros e programas de reabilitação. E tudo isso ele escreve com muita propriedade, pois por mais de cinco décadas, Otto é especialista em inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Já foi diretor e/ou membro de várias instituições e entidades nacionais e internacionais.



ONDE ENCONTRAR: Digo que é uma leitura obrigatória, mas infelizmente, o livro não teve novas edições. O interessado precisará procurá-lo em bibliotecas ou com amigos que disponha da obra. Mas também já circular cópias em .DOC ou PDF disponível para abaixar na internet.







CAMINHOS DA INCLUSÃO – A HISTÓRIA DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO SENAI



Escrito pela socióloga Marta Gil, “Caminhos da Inclusão” documenta a trajetória do SENAI-SP na promoção da inclusão daqueles que lutavam para exercer seu direito ao trabalho digno. O ponto de partida é a criação do Serviço de Adaptação Profissional de Cegos, em 1954, tendo à frente o Prof. Geraldo Sandoval de Andrade, um cego. Enfrentando a descrença e a discriminação, foi sendo construído o caminho, com a indispensável participação de indústrias, que fizeram o que até então era impensável: empregar pessoas com deficiência visual (inicialmente) nas linhas de produção, ombro a ombro com os demais.



Esse processo é parte da industrialização, que nascia com a chegada dos imigrantes e da mão-de-obra rural, todos atraídos pelos apitos das fábricas da Paulicéia desvairada. A representação social da Deficiência, fortemente marcada pelo assistencialismo das poucas entidades especializadas e pela vergonha das famílias que tinham a “desventura” de ter um filho com deficiência também está retratada.

A documentação referente às metodologias e estratégias desenvolvidas pelo Serviço e sua disseminação para outros Departamentos Regionais do SENAI pela primeira vez está disponível, convidando a outros estudos e reflexões.



A semente plantada criou raízes, e a partir de 1994 a rede de Escolas SENAI do Estado de São Paulo começou a se preparar para receber alunos com todos os tipos de deficiência. Em 2011, as matrículas de alunos com deficiência totalizaram 5.675, em todas as modalidades de curso e em todas as Escolas.



Trazer esses fatos à luz mostra que, até mesmo em momentos mais impermeáveis às chamadas “minorias” foi possível o exercício do direito ao trabalho no mercado formal, com segurança e apresentando resultados. O presente, caracterizado pelos princípios dos Direitos Humanos, pela disponibilidade de recursos tecnológicos e respaldado por um marco legislativo avançado, autoriza a mirar mais alto e a avançar mais.



“Caminhos da Inclusão” tem recursos de acessibilidade: identificação em braile na capa e no CD ROM, que tem texto e descrição das imagens em formato DAISY.



O livro integra a Coleção Engenharia da Formação Profissional, que visa divulgar o modelo desenvolvido pelo SENAI-SP, embasado no “aprender fazendo”, em sintonia com as demandas da indústria de hoje e do futuro.



ONDE ENCONTRAR Na Livraria SENAI e na internet







OS INFAMES DA HISTÓRIA: POBRES, ESCRAVOS E DEFICIENTES NO BRASIL





Existências infames: sem notoriedade, obscuras como milhões de outras que desapareceram e desaparecerão no tempo sem deixar rastro — nenhuma nota de fama, nenhum feito de glória, nenhuma marca de nascimento, apenas o infortúnio de vidas cinzentas para a história e que se desvanecem nos registros porque ninguém as considera relevantes para serem trazidas à luz. Nunca tiveram importância nos acontecimentos históricos, nunca nenhuma transformação perpetrou-se por sua colaboração direta.



Apenas algumas vidas em meio a uma multidão de outras, igualmente infelizes, sem nenhum valor. Porém, sua desventura, sua vilania, suas paixões alvos ou não da violência instituída, sua obstinação e sua resistência encontraram em algum momento quem as vigiasse, quem as punisse, quem lhes ouvisse os gritos de horror, as canções de lamento ou as manifestações de alegria.



Escrito pela psicóloga Lília Ferreira Lobo, “Os infames da História” é resultado de alentada pesquisa de doutoramento, ela nos arrasta ao longo de quatro séculos para conhecermos de perto como eram vistos, ignorados ou tratados os escravos, pobres e deficientes do Brasil. Convida-nos a analisar as deficiências como “instituição” inserindo-as em sua historicidade, promovendo sua visibilidade. E demonstra que o momento em que surgem cuidados com a diferença é também aquele em que começam a se fabricar os sentidos que lhes atribuímos e a preocupação com o destino dos que não eram como os outros.



O livro se desenrola em quatro partes, recheadas de densas informações e atualizadas discussões teóricas e bibliográficas. Vasto contingente de fontes documentais, de crônicas de viajantes estrangeiros a denúncias da Inquisição, teses de medicina, livros de higienistas e criminalistas alimentam robustos capítulos. A primeira trata das monstruosidades, das resgatadas dos relatos de viagem do Renascimento à teratologia, ciência dos monstros e dos degenerados, que, no século XIX passa a discutir estragos na espécie humana. Na segunda, a autora explora o material produzido pelas Visitas do Santo Ofício analisando casos tão surpreendentes quanto o de Brites Fernandes de Camaragipe, aleijada e mentecapta, perseguida e condenada por deficiência mental. A idiotia, nesses tempos, era vista como um defeito moral. Mais eloquente do que a Inquisição foi outro tribunal: o da eugenia. Esse perseguia “negros tolos”, onanistas, pederastas, cegos, surdos-mudos, prostitutas e jovens delinquentes.



A utopia de uma sociedade organizada e produtiva, constituída só por exemplares perfeitos da espécie humana, estava em curso com o apoio de renomados médicos do século XIX. Os remédios? Esterilização, extermínio, embranquecimento. Na terceira parte, Lilia se debruça sobre as marcas da deficiência no corpo de escravos, parcela dos que os teóricos chamavam de “humanidade inferior”. E conta a trajetória dos descartados, dependentes da caridade pública e das redes de solidariedade montadas pelos próprios cativos. Doenças, mutilações, suicídio, fome e castigos eram ao mesmo tempo causa e conseqüência da existência destes “fardos sociais”. E o que dizer de sua inserção no mundo do rendimento e da cidade? Na última parte deste alentado trabalho, excelente é sua contribuição sobre os estabelecimentos especializados como o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, o Instituto dos Surdos-Mudos e o Pavilhão-Escola Bournevelle para crianças, ainda tão pouco estudados. O último, substituiu o hospício que na pena de Olavo Bilac era a “Casa do Sofrimento”: habitada por alucinações, ali tudo respirava miséria e abandono, e as crianças viviam pelo chão, gritando e se arrastando como “animais malfazejos”. O único alimento, além da ração diária que recebiam, era o carinho de certa Tia Ana, uma Cabocla louca e segundo o poeta, doida de amor pelos filhos que não tivera.



ONDE ENCONTRAR: Em livrarias e já há PDF disponível na internet.







TEOLOGIA DA INCLUSÃO – A TRAJETÓRIA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA HISTÓRIA DO CRISTIANISMO!





Tendo como base uma revisão histórica, a obra TEOLOGIA DA INCLUSÃO, de Emílio Figueira, trata-se de um estudo sobre as pessoas com deficiência ao longo do cristianismo. Inicia-se pelo Antigo Testamento, pré-cristianismo, onde grandes personagens bíblicos usados por Deus, de alguma forma estavam ligados com algum tipo de deficiência. Ao mesmo tempo a deficiência era fortemente ligado com conceitos de pecados ou castigos. Conceitos que caem por terra no Novo Testamento, pois a vinda de Jesus ao mundo e sua opção pelos excluídos, faz com que as pessoas com deficiência “ganhem” almas como cristãos. Por meio delas, Jesus realiza muitas obras, fazendo acreditar com segurança que as pessoas com deficiência sempre foram canais de bênçãos entre Deus e a humanidade.



Hoje para se ter uma Teologia da Inclusão, que atinja tantos os católicos  como os protestantes (evangélicos), o primeiro passo será rever nossos próprios conceitos com relação às pessoas com deficiência, abandonando conceitos de coitadinhos, vítimas, a visão de deficiência como consequência de castigos ou pecados. Abandonar a posição que nós cristãos sempre tivemos de assistencialistas para com essas pessoas, focá-las como totalmente capazes de ocupar ministérios e atividades nas comunidades religiosas – tanto católicas como protestantes -, trazendo-as para serem parte do Corpo de Cristo em total igualdade. Sobretudo, temos que cada vez mais identificar e eliminar do nosso meio os estigmas religiosos!!!



ONDE ENCONTRAR: A versão digital completa do livro agora está com download gratuito neste site







USP DISPONIBILIZA MAIS DE TRÊS MIL LIVROS GRÁTIS PARA DOWNLOAD





A USP tem um site que disponibiliza três mil livros para download. Ao entrar no www.brasiliana.usp.br o internauta encontra livros raros, documentos históricos, manuscritos e imagens que são parte do acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, doada à universidade. Seu acervo, permanece à disposição de toda a comunidade, de maneira democrática e universal, acessível por meio de ferramenta de busca disponível no site da BBM.



O acervo do projeto foi digitalizado à partir das obras da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, que pertence à USP.  Foi criada, em janeiro de 2005, para abrigar e integrar a brasiliana reunida ao longo de mais de oitenta anos pelo bibliófilo José Mindlin e sua esposa Guita. A coleção foi doada pela família Mindlin à USP. São cerca de 17.000 títulos, ou 40.000 volumes, mas nem tudo ainda está digitalizado. Parte do acervo doado pertencia ao bibliófilo Rubens Borba de Moraes, cuja biblioteca foi guardada por Guita e José Mindlin desde a sua morte.



Para a Universidade de São Paulo, o objetivo do projeto de digitalização do acervo é tornar irrestrito o acesso aos fundos públicos de informação e documentação científica sob sua guarda.



Os objetos digitais disponibilizados pela Brasiliana Digital (livros, imagens, mapas, periódicos, obras de referências e manuscritos) vêm acompanhados de uma notificação sobre os direitos de uso das obras. Existem algumas regras para a utilização dos conteúdos, como a proibição do uso dos documentos e livros para uso comercial e a citação da fonte sempre que utilizar o conteúdo em outro contexto.



A busca no acervo digital pode ser feita diretamente neste endereço ou por meio das caixas de busca presentes na página inicial do site. O acervo está dividido por título, autor, assunto ou pela data de publicação. O cidadão pode encontrar desde conteúdos sobre o abolicionismo, ou sobre o teatro em Portugal. Também acessar obras do escritor Machado de Assis, ou de Euclides da Cunha. Ler as primeiras edições do jornal Correio Braziliense, ou os manuscritos alemães que datam de 1525.







SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNICAMP



Além dos trabalhos autorais da professora Maria Teresa Eglér Mantoan, ela também é orientadora e co-autora de uma vasta produção acadêmica de seus alunos e colegas.



Um dos melhores caminhos para se ter acesso a essa vasta produção é entrar na site da Biblioteca Digital da UNICAMP e digitar no campo de busca as palavras-chave de sua pesquisa: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/



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