Hoje eu estava assistindo aos telejornais globais e fui
reparando o cuidado e a neutralidade de como eles abordam suas notícias,
principalmente as policiais.
Comecei a me lembrar de quando no início de minha
adolescência, morando em uma pequena cidade do interior paulista, fui estagiar
em uma tipografia que editava um semanário. Logo, eu já estava na redação do
jornal, ainda nos tempos da máquina de escrever e laudas, produzindo meus
primeiros textos e reportagens. Ali em um pequeno município, nossas abordagens
eram totalmente locais.
Pensava que em grandes cidades, esse jornalismo comunitário
iria desaparecer. Mas não...
O Bom Dia SP e os
SPTVs praticam esse jornalismo
comunitário com maestria. Desde o início da manhã, ali está a informação em
tempo real de forma ágil e dinâmica, mostrando os caminhos de uma metrópole.
Sobretudo, focando os transportes das periferias por décadas abandonado pelo
poder público. E tantas outras pautas vão entrando, como uma saúde sucateadas,
escolas públicas em péssimas condições. Problemas é que não faltam, estendendo-se
em forma de muitas matérias na edição de meio dia e começo da noite. Questões
tão recorrentes que parecem a reprise da represe da reprise...
Esses telejornais também prestam muitos serviços à
comunidade por meio de reportagens, séries especiais, abertura para temas tão
atuais e necessários, abordados com naturalidade e um jornalismo realmente
profissional.
Pontos altos para mim, é que esses telejornais sempre estão
nos bairros das periferias mais longínquas. Justamente lugares que muitos fazem
questão de não se lembrar que existem, principalmente o poder público.
Esse mesmo poder público que diariamente é questionado. Prefeitos,
secretários e administradores públicos, muitas vezes ao vivo, em velhos
discursos políticos de balelas, onde eles nunca estão errados. Aliás, se
político tivesse a humildade de também reconhecer seus erros ou falhas, seria
meio caminho para resolver muitos dos problemas da cidade.
Podemos citar ainda, muitas matérias de coisas legais,
culturais e esportivas que dão a equilíbrio certo aos telejornais.
Entre os profissionais envolvidos, sem citar nomes para não
correr o risco de não esquecer nenhum, os apresentadores, repórteres e a moça
do tempo, comunicam-se com uma carisma de tal tamanho, que nos traz a sensação
de estarem ali presentes em uma conversa descontraída. E por traz, sei que há
centenas de profissionais trabalhando pelo bom andamento desses telejornais.
Todos que, se eu pudesse, abraçava-os como quem abraça bons amigos!
Dito isto, no início desta crônica, eu falei que hoje estava
assistindo aos telejornais globais e fui reparando o cuidado e a neutralidade
de como eles abordam suas notícias, principalmente as policiais.
Fazendo um contraponto com outros canais, atualmente um dos
perigosos programas de televisão para a saúde mental sejam os Programas de
Jornalismo Policial de certas emissoras. Verdadeiros espetáculos circenses (não
querendo ofender os reais profissionais do circo!), onde os apresentadores
parecem chamar os telespectadores de imbecis de tanto que gritam, pulam e
exibem-se como se fossem os verdadeiros donos da verdade. Pior que isto, pegam
a desgraça e o sofrimento alheio e fazem deles o maior sensacionalismo.
Em um misto de espetáculo e fatos ruins, vão implantando
coisas negativas nas mentes das pessoas. Essas sem perceberem, estão tendo o
inconsciente cada vez mais recheado de medos e pavores. Sensações que as
aterrorizam no dia a dia. Sentem-se a todo instantes estarem sujeitos a ser as
próximas vítimas das desgraças assistidas na televisão. Isso para algumas
pessoas torna-se até patológico, temem contatos sociais, não sair mais de casa
com tentos medos adquiridos.
Por outro lado, os telespectadores desses programas
policiais também me lembram os antigos romanos que iam ao Coliseu divertir-se,
vendo pessoas serem devoradas pelos leões. Só que hoje, sentam-se em seus sofás
e assistem confortavelmente a desgraça alheia.
Mas a abordagem do jornalismo profissional e ético do Bom Dia SP e dos SPTVs, nega-se a esse sensacionalismo pela a audiência. Mesmo tendo
toda a estrutura global, o grande chame desses telejornais é manter uma
linguagem do jornalismo comunitário, lavando-nos a sentir como se a Paulicéia Desvairada
ainda fosse uma cidade “única” e todos nós membros de uma pequena vila de 12,18
milhões de habitantes!
Área
Crônicas 2020 à 2021