Aula 21 – Características e Tipos de Deficiências Físicas



As deficiências físicas caracterizam-se por disfunções ou interrupções dos movimentos de um ou mais membros, superiores, inferiores ou ambos, conforme o grau do comprometimento ou tipo de acometimento da paralisia, perda da capacidade de contração muscular voluntária, por interrupção funcional ou orgânica em um ponto qualquer da via motora, que pode ir do córtex cerebral até o próprio músculo ou quando todo movimento nestas proporções são impossíveis.



Pode-se também ocorrer uma paresia (do grego paresis que significa relaxação, debilidade), quando o movimento está apenas limitado ou fraco. Há casos de paresias em que a motilidade se apresenta apenas num padrão abaixo do normal referente à força muscular, precisão do movimento, amplitude do movimento e a resistência muscular localizada, um comprometimento parcial, a uma semiparalisia.






Levando-se em conta o número e da forma como os membros são afetados pela paralisia, temos o seguinte quadro:



NOMES - DESCRIÇÃO

Monoplegia - condição rara em que apenas um membro é afetado

Diplegia - são afetados os membros superiores

Hemiplegia - são afetados os membros do mesmo lado

Triplegia - condição rara em que três membros são afetados

Tetraplegia ou Quadriplegia - atinge todos os membros, sendo que a maioria dos pacientes com este quadro apresentam lesões na sexta ou sétima vértebra.

 Paraplegia - afeta apenas os membros inferiores, podendo ter como causa resultante uma lesão medular torácica ou lombar. Trauma que altera a função medular, produz como consequências, além de déficits sensitivos e motores, alterações viscerais e sexuais

Hemiplegias - por acidente vascular cerebral; aneurisma cerebral; tumor cerebral e outras

Lesão medular - por ferimento por arma de fogo; ferimento por arma branca; acidentes de trânsito; mergulho em águas rasas. Traumatismos diretos; quedas; processos infecciosos; processos degenerativos e outros

Amputações -,causas vasculares; traumas; malformações congênitas; causas metabólicas e outras



Outras causas





Febre reumática (doença grave que pode afetar o coração); Câncer; Miastenias graves (consistem num grave enfraquecimento muscular sem atrofia); Lesão cerebral (paralisia cerebral, hemiplegias); Miopatias (distrofias musculares); Patologias degenerativas do sistema nervoso central (esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica); Lesões nervosas periféricas; Malformações congênitas; Distúrbios posturais da coluna; Sequelas de patologias da coluna; Distúrbios dolorosos da coluna vertebral e das articulações dos membros; Reumatismos inflamatórios da coluna e das articulações; Lesões por esforços repetitivos (L.E.R.) e Sequelas de queimaduras





Dentre os fatores de risco que levam às deficiências físicas estão a violência urbana, uso de drogas, acidentes desportivos, sedentarismo, acidentes do trabalho, epidemias ou endemias, tabagismo, agentes tóxicos, maus hábitos alimentares, falta de saneamento básico e outros menos comum.



Um profissional pode fazer a identificação fazendo a observação quanto ao atraso no desenvolvimento neuropsicomotor do bebê (não firmar a cabeça, não sentar, não falar, no tempo esperado); atenção para perda ou alterações dos movimentos, da força muscular ou da sensibilidade para membros superiores ou membros inferiores; erros inatos do metabolismo; identificação de doenças infecto-contagiosas e crônico-degenerativas; controle de gestação de alto-risco; identificação precoce pela família seguida de exame clínico especializado favorecem a prevenção primária e secundária e o agravamento do quadro de incapacidade. Notado algumas dessas alterações, a criança ou adulto deverá ser encaminhada para um diagnóstico correto.







POLIOMIELITE (Paralisia Infantil)



A Poliomielite (conhecida popularmente como “paralisia infantil”), teve uma enorme propagação, atingindo a população de todo o mundo no século XX, dando origem a muitas crianças e adultos jovens com sequelas e incapacidades variadas. Sua infecção ocorre por via oral, quando da ingestão de água ou alimentos contaminados. A transmissão é mais comum nas regiões de pior controle sanitário, estando claramente associada, nos dias de hoje, às condições sanitárias locais e ao nível sócio-econômico. A vacinação em massa se mostrou como um método eficaz de erradicação da doença na América, onde a transmissão inexiste desde 1994.



Alguém com infecção aguda pelo vírus da poliomielite, pode desenvolver quadros assintomáticos, passando por quadros gripais, intestinais, meningite asséptica e sua forma paralítica aguda, caracteristicamente, assimétrica, flácida e pode acometer centros bulbares de controle da respiração, causando insuficiência respiratória. Cerca de 1% das infecções pelo vírus resultam em quadro paralíticos agudos.



Instalado o quadro paralítico, a evolução da doença é para uma recuperação natural da força em um período de dois anos, ocorrendo um gradativo aumento da capacidade funcional, particularmente em membros inferiores, sendo comum os pacientes que deixam de lado o uso de órteses e outros métodos de auxílio à marcha. Essa fase de recuperação é seguida de estabilidade funcional, na qual o paciente não nota ganho ou perda frente a suas incapacidades.







SÍNDROME PÓS-PÓLIO



Em meados da década de 1970, começaram a surgir relatos de pacientes com antecedentes de poliomielite que, após o período de estabilidade, desenvolvem nova fraqueza no membro afetado e nos membros não acometidos anteriormente. Surgia a Síndrome Pós-Pólio, conjunto de sintomas tardios da doença. Ela inclui alguns critérios diagnósticos: quadro prévio de poliomielite; período de estabilidade funcional de ao menos 15 anos; nova fraqueza em membro previamente acometido ou não; fadiga; dor no aparelho locomotor; ausência de outras doenças que expliquem a ocorrência dos sintomas.



A origem dessa nova fraqueza e fadiga não se deve a uma reativação viral, mas sim à uma sobrecarga dos músculos e nervos relacionados ao segmento do corpo que foi acometido pela paralisia. Assim, por exemplo, um paciente que ficou com fraqueza na coxa direita e não consegue estender seu joelho direito de forma adequada, mas continua andando sem aparelhos ou bengalas está mais propenso a desenvolver fadiga local e nova fraqueza.



Dores ocorrem pelo desarranjo de forças musculares e sobrecarga local em virtude de suas tentativas de compensação, quando a pessoa se apoia sobre um membro de forma inadequada ou realiza movimentos anômalos, causando tensão nas articulações e músculos, que se tornam fontes de dor, de fadiga, de fraqueza – tipos de personalidade e acometimento de certas estruturas do sistema nervoso central que são responsáveis pela atenção e concentração.



O diagnóstico da Pós-Pólio é clínico, não existindo exame laboratorial que comprove o que o paciente tem. Deve-se tomar como base apenas os relatos do paciente de perda de força e fadiga. Seu tratamento será multidisciplinar, levando-se em conta as doenças associadas que podem estar complicando o quadro (respiratórias, cardíacas, anemia entre outras), a prescrição de órteses e medicamentos que possam melhorar a capacidade funcional também são da sua responsabilidade, assim como o acompanhamento da evolução do paciente. As dores serão controladas por uso de calor, frio, correntes elétricas e medicamentos e fisioterapia incluindo exercícios físicos de alongamento é fundamental. Terapia ocupacional, instruindo técnicas de economia de energia, é de grande valia para evitar fadiga.



O condicionamento físico, seja por natação, caminhadas ou bicicleta ergométrica também aumenta a capacidade funcional do paciente. Ele deverá ter uma nova estruturação de horários e tarefas diárias, visando reduzir seu gasto de energia. Períodos de repouso são recomendados no meio da manhã e da tarde, e uma parada para dormir é indicada após o almoço. Essa redução do gasto energético, pode contar ainda com uso de bengalas e muletas, aparelhos ortopédicos e locomoção com veículos motorizados.



Todavia, a Síndrome Pós-Pólio é um exemplo de que a incapacidade adquirida não deve ser encarada nunca como algo estável e imutável. O envelhecimento e o avanço de deformidades deve ser sempre seguido por um acompanhamento psicológico e médicos de reabilitação com o objetivo de antever essas complicações e tratá-las antes que surjam de forma efetiva.







ESCLEROSE MÚLTIPLA



A Esclerose Múltipla é uma doença neurológica crônica de causa desconhecida, descrita inicialmente em 1860 pelo médico francês Jean Charcot. Nem contagiosa, nem hereditária, mas desmielinizante, leva à destruição da bainha de mielina que recobre e isola as fibras nervosas do Sistema Nervoso Central (principalmente o cérebro, o nervo óptico e a medula espinhal). Suas primeiras manifestações geralmente ocorrem entre 15 e 45 anos, sendo mais comum nas mulheres e nos indivíduos de raça branca. Sua forma mais comum de apresentação é em “surtos” (período de agravamento dos sintomas) e “remissões” período de estabilização da doença.



A pessoa passa a ter fraqueza muscular em uma ou mais extremidades; dificuldade para andar; rigidez muscular; sensação de formigamento e/ou adormecimento em partes do corpo; alteração de sensibilidade; dores articulares; alteração de equilíbrio e coordenação motora; tremores; alteração de fala e deglutição; neurite óptica que pode causar visão dupla, turvação visual, dor ocular e perda de acuidade visual uni ou bilateral; perda de audição; zumbidos e vertigens; incontinência ou retenção urinária e/ou fecal; impotência sexual; fadiga intensa-depressão.



Para o seu diagnóstico leva-se em conta uma história clínica detalhada, associada ao exame clínico e neurológico completos e confirmado por três exames complementares basicamente: Ressonância Nuclear Magnética para avaliação das placas de desmielinização; Punção lombar para retirada de líquor da medula para pesquisa do aumento das gamaglobulinas; Potenciais Evocados para avaliar a condução do impulso nervoso pelo Sistema Nervoso Central.



Mesmo sem cura, não é uma doença fatal e a perda total de movimentos é muito rara mesmo nos casos progressivos. Utiliza-se medicamentos, visando diminuir o número e a intensidade dos surtos minimizando assim as sequelas. Um tratamento reabilitacional adequado pode melhorar a qualidade de vida da pessoa com Esclerose Múltipla.







NANISMO



Conhecida pelo pejorativo “anão”, a pessoa com Nanismo tem sua altura muito menor que a média de todos os sujeitos que pertencem à população, ou tamanho bem inferior à média das pessoas da mesma idade. Sua estatura pode variar entre 85 cm (embora a história registra tamanhos inferiores) e 1,45 m; a média  é de  1,30 m.



A partir da morfologia, o nanismo é dividido em dois grandes grupos: o dos nanismos proporcionais, onde a estatura do indivíduo é baixa, mas o tamanho dos órgãos mantém a mesma proporção; e os nanismos desproporcionais, também chamados displasias esqueléticas, onde o tamanho do indivíduo é bem mais baixo que o normal, porém alguns órgãos mantém-se em tamanho maior em relação à altura, em comparação com os indivíduos não-nanistas.



Sua causa pode ser genética ou hormonal e ser provocada por cerca de 200 doenças diferentes, entre as quais problemas genéticos que atingem os ossos (como displasias esqueléticas e síndrome de Turner), deficiências de hormônio de crescimento e de tireoide e doença que afastam o metabolismo do feto. Geralmente, os casos de origem hormonal são também chamados de nanismo proporcional porque todos os segmentos do corpo, de forma homogênea, não atingem o tamanho considerado normal.



O problema mais comum, responsável por 70% dos casos, é a acondroplasia, impedindo o desenvolvimento normal dos ossos longos, como o fêmur e a tíbia. Os membros se encurtam, mas o tronco tem tamanho próximo ao normal. É resultado de uma mutação genética no feto: mesmo com pais normais, seus genes sofrem alteração. Também conhecido como nanismo desproporcional, pode ser diagnosticado a partir do quinto mês de gestação.



Para a doença de origem genética não existe tratamento. Se for de origem hormonal, pode ser feita a reposição. O nanismo pode ocasionar problemas decorrentes como:



Dificuldades para andar



Problemas ortopédicos moderados ou severos



Encurtamento da coluna e das pernas



Apneia central: parada temporária de respiração por compressão das estruturas cerebrais ou da coluna vertical



Infecções frequentes de ouvido, causando perda auditiva leve a moderada



Hidrocefalia: crescimento exagerado do crânio por excesso de líquido no cérebro, devido ao pequeno tamanho dos orifícios de drenagem localizados no encéfalo



Ocasionalmente, o termo nanismo é aplicado somente às baixas estaturas desproporcionais. Ambos os tipos normalmente têm causas genéticas e podem ou não ser hereditários. A condição de estar abaixo da altura esperada como o resultado de uma parada prematura do crescimento esquelético. Ele pode ser causado pela secreção insuficiente do hormônio do crescimento: Nanismo Hipofisário.



Na sociedade, são pessoas discriminadas de uma forma geral, não tendo chances de empregos em igualdade em relação as pessoas de estatura normal. Além disso, por possuírem uma característica física fora dos padrões impostos pela sociedade, também são rotulados de pessoas com uma aparência feia, tanto corporal quanto facial. Outro fator bastante importante que não pode ser esquecido é a falta de acesso apropriado para elas aos diversos bens públicos, como por exemplo, telefones e banheiros públicos.



Já na mídia de uma forma geral, são tratados como pessoas muito diferentes do normal, sendo em muitas ocasiões, como “palhaços” ou tratados como aberrações da natureza. Ainda é muito tímida a indignação da sociedade de uma forma geral e até mesmo dos anões contra esses preconceitos.

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