As deficiências auditivas são a perda parcial ou total da audição, causada por má-formação (causa genética), lesão na orelha ou nas estruturas que compõem o aparelho auditivo.
A deficiência auditiva moderada é a incapacidade de ouvir sons com intensidade menor que 50 decibeis e costuma ser compensada com a ajuda de aparelhos e acompanhamento terapêutico. Em graus mais avançados, como na perda auditiva severa (quando a pessoa não consegue ouvir sons abaixo dos 80 decibeis, em média) e profunda (quando não escuta sons emitidos com intensidade menor que 91 decibeis), aparelhos e órteses ajudam parcialmente, mas o aprendizado de Libras e da leitura orofacial, sempre que possível, é recomendado.
Perdas auditivas acima desses níveis são consideradas casos de surdez total. Quanto mais agudo o grau de deficiência auditiva, maior a dificuldade de aquisição da língua oral. É importante lembrar que a perda da audição deve ser diagnosticada por um médico especialista ou por um fonoaudiólogo.
Como lidar com a deficiência auditiva na escola?
Toda escola regular com alunos com deficiência auditiva tem o direito de receber um intérprete de Libras e material de apoio para as salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Para isso, recomenda-se que a direção da escola entre em contato com a Secretaria de Educação responsável.
No dia a dia, posturas simples do professor em sala facilitam o aprendizado do aluno surdo. Traga- o para as primeiras carteiras e fale com clareza, evitando cobrir a boca ou virar de costas para a turma, para permitir a leitura orofacial no caso dos alunos que sabem fazê-lo. Dê preferência ao uso de recursos visuais nas aulas, como projeções e registros no quadro negro.
Para os alunos com perda auditiva severa ou surdez, a aquisição da Língua Brasileira de Sinais é fundamental para a comunicação com os demais e para o processo de alfabetização inicial. O aprendizado de libras ocorre no contraturno, nas salas de AEE.
É importante que professores da escola solicitem treinamento para aprender libras ou peçam o acompanhamento de um intérprete em sala. Isso garante a inclusão mais efetiva dos alunos.
Com relação aos alunos com deficiências auditivas, o atendimento educacional de crianças surdas deve ser feito em Escola Especial, Escola regular com Intérprete de LIBRAS e Classe Especial (na escola regular). Segundo o livro “Saberes e práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem: deficiências auditivas” do MEC/SEESP (Brasil, 2004), “conforme o estabelecido na Resolução do CNE n. 002/2001, a educação dos alunos com surdez pode ser bilíngue, facultando-lhes e às suas famílias a opção pela abordagem pedagógica que julgarem adequada, ouvindo os profissionais especializados em cada caso. (…) A educação bilíngue para crianças brasileiras surdas consiste na aquisição das duas línguas: a língua brasileira de sinais (LIBRAS) a e língua portuguesa (modalidades oral e escrita), com professores diferentes, em momentos diferentes, a depender da escolha pedagógica da escola e da família”.
Essa opção por uma educação bilíngue oferece às crianças com surdez o ensino da língua de sinais com a primeira língua (L1) e o da língua portuguesa com a segunda língua (L2). Na escola regular, o aluno com surdez deve sentar-se em local que possa ver o professor, em especial seu rosto iluminado e de frente e não distante dele. Isso facilita a leitura orofacial, bem como a “leitura das outras pistas visuais” (língua de sinais, gestos, expressões faciais e corporais).
A Resolução do CNE n. 02/2001, determina que a escola tenha apoio Pedagógico especializado, ou seja, esses serviços são as salas de recursos, os professores intérpretes ou de apoio fixo, para atender as turmas que tenham alunos surdos. O apoio especializado consistirá em um trabalho de complementação curricular, cujo objetivo principal é o enriquecimento das atividades já desenvolvidas em sala de aula, para as quais o aluno surdo apresente maiores dificuldades. Esse apoio deverá ser oferecido no contra-turno em que a criança estuda. Este é o perfil desses profissionais:
Professor de apoio fixo – profissional especializado que presta atendimento integral às turmas do ensino comum em que estiverem matriculados alunos surdos.
Professor itinerante – profissional que presta apoio às escolas, periodicamente, realizando orientações sobre as adequações curriculares necessárias aos alunos surdos (metodologia, recursos e estratégias, avaliação).
Professor intérprete – profissional bilíngue (língua de sinais e língua portuguesa) que atua na interpretação/tradução dos conteúdos curriculares e atividades acadêmicas da escola. Sua função principal é a de permitir o acesso às informações veiculadas em sala de aula.
As situações criadas pelo professor em sala de aula, devem ser sempre agradáveis e significativas, não se perdendo de vista a objetividade e a clareza aos promoverem-se atividades de linguagem escrita, de leitura ou de qualquer outra forma utilizada. Suas adaptações curriculares precisam:
materiais e equipamentos específicos: prótese auditiva, treinadores de fala, tablado, softwares educativos específicos etc.;
textos escritos complementados com elementos que favoreçam a sua compreensão: linguagem gestual, língua de sinais e outros;
sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do aluno: leitura orofacial, linguagem gestual e de sinais;
salas-ambiente para treinamento auditivo, de fala, rítmico etc.;
posicionamento do aluno na sala de tal modo que possa ver os movimentos orofaciais do professor e dos colegas;
material visual e outros de apoio, para favorecer a apreensão das informações expostas verbalmente.