Aula 40 – Os Superdotados Se Dividem Em Vários Perfis



Trabalhar com alunos com altas habilidades requer, antes de tudo, derrubar dois mitos. Primeiro: esses estudantes, também chamados de superdotados, não são gênios com capacidades raras em tudo – só apresentam mais facilidade do que a maioria em determinadas áreas. Segundo: o fato de eles terem raciocínio rápido não diminui o trabalho do professor. Ao contrário, eles precisam de mais estímulo para manter o interesse pela escola e desenvolver seu talento – se não, podem até se evadir.



A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que pelo menos 5% da população tem algum tipo de alta habilidade. No Brasil, até o ano passado, haviam sido identificados 2,5 mil jovens e crianças assim. Para dar um atendimento mais qualificado a esse público, o Ministério da Educação (MEC) criou em 2005 Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação em todos os estados. Apesar de ainda pouco estruturados, esses órgãos que têm o papel de auxiliar as escolas quando elas reconhecem alunos com esse perfil em suas salas de aula.






Especialistas ressaltam que nem sempre esses alunos são os mais comportados e explicam que as altas habilidades são divididas em seis grandes blocos:



– Capacidade Intelectual Geral



Crianças e jovens assim têm grande rapidez no pensamento, compreensão e memória elevadas, alta capacidade de desenvolver o pensamento abstrato, muita curiosidade intelectual e um excepcional poder de observação.



– Aptidão Acadêmica Específica



Nesse caso, a diferença está em: concentração e motivação por uma ou mais disciplinas, capacidade de produção acadêmica, alta pontuação em testes e desempenho excepcional na escola.



– Pensamento Criativo



Aqui se destacam originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas ou perceber tópicos de forma diferente e inovadora.



– Capacidade de Liderança



Alunos com sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver situações sociais complexas, poder de persuasão e de influência no grupo.



– Talento Especial para Artes



Alto desempenho em artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas, facilidade para expressar ideias visualmente, sensibilidade ao ritmo musical.



– Capacidade Psicomotora



A marca desses estudantes é o desempenho superior em esportes e atividades físicas, velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora fina e grossa.



O estudante com altas habilidades costuma ter um interesse tão grande por uma das disciplinas que acaba negligenciando as demais. A facilidade de expressar-se, por exemplo, pode ser usada para desafiar o professor e os colegas. Mesmo os mais aplicados dificultam a aula ao monopolizar a atenção. Muitos não querem trabalhar em grupo por não entender o ritmo “mais lento” dos colegas. A descoberta das altas habilidades é o primeiro passo para melhorar esses comportamentos. Primeiro, porque muda o olhar do professor. E também porque o próprio jovem passa a aceitar melhor as diferenças.



Como identificar a superdotação



Reserve alguns minutos para listar os nomes dos alunos que logo vêm à sua mente quando você lê as descrições abaixo. Utilize essa lista (preparada pelo MEC) como uma “associação livre” e de forma rápida. É provável que você encontre mais do que um estudante em cada item. Quem exibir consistentemente vários dos comportamentos tem fortes chances de apresentar altas habilidades.



1 Aprende fácil e rapidamente.



2 É original, imaginativo, criativo, não convencional.



3 Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns.



4 Pensa de forma incomum para resolver problemas.



5 É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado).



6 Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.



7 Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.



8 Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas.



9 Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes.



10 É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.



11 Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho etc.).



12 Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo etc.).



13 Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.



14 Aprende facilmente novas línguas.



15 Trabalhador independente.



16 Tem bom julgamento, é lógico.



17 É flexível e aberto.



18 Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica.



19 Mostra sacadas e percepções incomuns.



20 Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros.



21 Apresenta excelente senso de humor.



22 Resiste à rotina e à repetição.



23 Expressa ideias e reações, frequentemente de forma argumentativa.



24 É sensível à verdade e à honra.







 AÇÕES PEDAGÓGICAS



Enquanto professores não podemos mais ver as altas habilidades como um dom como muitos pensam, mas sim como uma características e comportamentos que podem e devem ser aperfeiçoados na interação com o mundo e que se apresentam em uma variedade grande de combinações.



É dever da escola encorajar a produtividade criativa e intensificar a qualidade de experiências de aprendizagem para todos os estudantes e não só para os que se destacam por suas capacidades intelectuais superiores, não separando o grupo dos superdotados daqueles que não o são oferecendo a cada aluno as oportunidades, os recursos e o encorajamento necessários para atingir o seu potencial máximo, de forma inclusiva. Isto pode ser feito por meio da Aceleração ou do Enriquecimento. Cabe a nós professores:



Observar os talentos e os interesses de cada um e trazer para a sala textos, livros e materiais para que os alunos se aprofundem em seus temas prediletos.



Convidar profissionais de diversas áreas para dar palestras. Isso pode despertar interesses ainda desconhecidos.



Propor atividades desafiadoras e que exijam reflexão, criação e elaboração de soluções diferentes.



No geral, os currículos e programas para alunos com altas habilidades/superdotados são os mesmos das escolas comuns, obedecendo às prescrições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação com as necessárias adequações e cm programas de enriquecimento/aprofundamento. Essas propostas curriculares enriquecidas e/ou aprofundadas poderão ser utilizadas pelo professores de classes comuns, uma vez que apresentam alternativas variadas de manejo de classe e de conteúdos, além de oferecerem técnicas diversas de eventos. Recomenda-se estas adaptações curriculares:



evitar sentimentos de superioridade, rejeição dos demais colegas, sentimentos de isolamento etc.;



pesquisa, de persistência na tarefa e o engajamento em atividades cooperativas;



materiais, equipamentos e mobiliários que facilitem os trabalhos educativos;



ambientes favoráveis de aprendizagem como: ateliê, laboratórios, bibliotecas etc.;



materiais escritos de modo que estimule a criatividade: lâminas, pôsteres, murais; inclusão de figuras, gráficos, imagens etc., e de elementos que despertam novas possibilidades.


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