O Transporte De Pessoas Com Deficiência



(Publicado em 06 de dezembro de 1996)



A Câmara Municipal de Bauru aprovou a pouco tempo, o projeto de autoria do vereador Veríssimo Barbeiro, que prevê a circulação de ônibus especiais adaptados destinados ao transporte de pessoas portadoras de deficiência. Contando com a ajuda do pessoal do Centro de Apoio ao d/Eficiente-CAd/E, e a presença de vários de seus membros na galeria do Legislativo, não houveram vereadores contrários ao projeto, sendo aprovado por unanimidade!



Que esse fato significa uma grande conquista, não há nenhuma dúvida; mas também não podemos esconder nossa indignação diante de uma discriminação que ocorre com relação ao “passe deficiente” em Bauru e ninguém toca no assunto. A lei já alguns anos em vigor na cidade, é aplicada erradamente. A lei concede o direito de passe livre para aqueles que frequentam Centros de Reabilitação ou qualquer tipo de tratamento dessa natureza. Com isso, a empresa concessionária do transporte em Bauru, achou- se no direito de fornecer tais carterinhas e estipular o número de passes mensais para os usuários do serviço. O que ninguém sabe, é que isso além de discriminatório, é condenado pela Constituição no que diz respeito ao direito de ir e vir. A pessoa com deficiência precisa ter livre acesso não somente à reabilitação, mas também ou lazer, tarefas do dia-a-dia, escola, visitas e tantas outras coisas como qualquer pessoa.



Esse passe estipulado pela empresa, em vez de facilitar a vida de seus usuários, dificulta. Além de obrigar a pessoa ir todos os meses retirá-lo na agência, a expõe a situações constrangedoras, pois quantas vezes vemos em ônibus, pessoas de muletas ou com outras limitações motoras, tendo que se equilibrar com o carro em movimento, tirar a sua carterinha do bolso e entregar o passe ao motorista. Sem se falar ainda, nos muitos que, por não pertencerem a nenhuma entidade bauruense, lhe foram negados esse benefício. O ideal que esses usuários tivessem como obrigação, apenas mostrar a carterinha para o motorista, assim como os idosos. Aliás, cabe aqui uma curiosidade. Será que o fato da empresa ter que confeccionar tais passes e distibui-los gratuitamente, não traz prejuízos a mesma? Pense nisso senhores…



E agora surge um outro problema. Estamos vendo pela imprensa local que Bauru está prestes a quebrar o monopólio do transporte coletivo. Como ficará a situação das pessoas portadoras de deficiência uma vez que nossas carteiras e passes são impressos e distribuídos pela a atual empresa e circulação. Será que também teremos o direito também de utilizar os ônibus das novas linhas, ou precisaremos ter outra carterinha da nova empresa. O correto seria que tais credenciais fossem controladas e distribuídas por órgão público, como a SEBES por exemplo, sem discriminação ou limites para os seus usuários.



Desculpe-me os amigos pela minha sinceridade, mas erros como esse sempre passam despercebidos uma vez que os projetos voltados para as pessoas com deficiência são sempre feitos baseados em intenções políticas e/ou criados por emoções momentâneas, sem qualquer acompanhamento ou consultoria de pessoas realmente ligadas a temática; além de que, atualmente em nosso país, os movimentos de pessoas portadoras toma-se cada vez mais brinquedo e passatempo da elite. Não podemos querer avançar em conquistas, empurrando os problemas dos menos favorecidos para debaixo do tapete!!!

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