#pracegover – Desenho com tom marrom de Mahatma Gandhi careca de óculos sorrindo / Foto: Divulgação |
Desde minha adolescência estudo a biografia de Mahatma Gandhi, notável ativista indiano que contribuiu para a independência da Índia e participou da luta contra o fim do colonialismo inglês. Sua forma de manifestação pacífica e o movimento de resistência sem violência representam a “Satyagraha”, termo que Gandhi usou para nomear a filosofia que o tornou conhecido mundialmente.
É nele que me inspiro para falar de resiliência, nossa
capacidade de lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de
situações adversas - choque, estresse, desilusão, perdas etc. - sem entrar em
surto psicológico. Ela nos orienta em uma tomada de decisão quando deparamos
com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer, criando uma
adaptação positiva a adversidades, uma interação de sistemas adaptativos
complexos, como o círculo social, família, cultura, entre outros.
Frente de uma situação difícil, o que você faz: chora,
surta, foge ou enfrenta?
Há pessoas que além de ficarem e enfrentarem os problemas,
ainda conseguem se beneficiar com eles, aprendendo e crescendo emocionalmente.
Essas são as pessoas resilientes.
O termo veio da física para designar a capacidade que alguns
materiais têm de absorver impactos e retornar à forma original. Quando se trata
do comportamento humano, a palavra significa a habilidade de lidar e superar as
adversidades, transformando experiências negativas em aprendizado e
oportunidade de mudança. Ou seja, "dar a volta por cima".
Pessoas resilientes têm a capacidade de enfrentar crises,
traumas, perdas, graves adversidades, transformações, rupturas e desafios,
elaborando as situações e recuperando-se diante delas, proporcionando ao ser
humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades. Uma
adaptação positiva à adversidades, uma interação de sistemas adaptativos
complexos, como o círculo social, família, cultura, entre outros.
Não podemos confundir resiliência com resistência, duas
palavras com características diferentes. Uma pessoa resistente é aquela que
'segura as pontas', resistindo a situações de pressão. Já uma pessoa
resiliente, além de suportar a pressão, aprende com as dificuldades e os
desafios, usando sua flexibilidade para se adaptar e sua criatividade para
encontrar soluções alternativas.
Pessoas resilientes têm a administração das emoções, uma
habilidade de se manter sereno diante de uma situação de estresse, capazes de
utilizar as pistas que leem nas outras pessoas para reorientar o comportamento,
promovendo a autorregulação. Quando essa habilidade é rudimentar, as pessoas
encontram dificuldades em cultivar vínculos e com frequência desgastam, no
âmbito emocional, aqueles com quem convivem em família ou no trabalho.
São dois pontos que mais me fascinam na resiliência. O
otimismo, a crença de que as coisas podem mudar para melhor. Há um investimento
contínuo de esperança e, por isso mesmo, a convicção da capacidade de controlar
o destino da vida, mesmo quando o poder de decisão esteja fora das mãos. E a
empatia, nossa capacidade que o ser humano tem de compreender os estados
psicológicos dos outros (emoções e sentimentos). Não é ''colocar-se no lugar do
outro'' como muitos insistem em afirmar. É sim a capacidade de sentir o mesmo
que o outro sente.
Assim como Mahatma Gandhi, que tinha o controle e capacidade
de regular a intensidade de não se levar impulsivamente pela experiência de uma
emoção, tornando o grau de compreensão mais sensível e apurado mediante a
situação, na história mundial existem muitos exemplos de pessoas resilientes,
que transformaram verdadeiras tragédias em oportunidade de crescimento.
Área
Crônicas 2020 à 2021