E TRINTA E OITO ANOS SE PASSARAM... – Por Emílio Figueira


#pracegover – Foto em preto e branco, vários cavaletes de tipos em uma gráfica. Emílio Figueira está em pé, mexendo em uma gaveta. / Foto: Acervo Pessoal

Semana passada, ao olhar no calendário, uma importante recordação pessoal me veio. Como conto no meu recém e relançado livro “O caso Do Tipógrafo – Crônicas Das minhas Memórias”, por volta dos treze anos, fui estagiar no “Centro de Estudos e Promoção do Bem-Estar do Menor – CEPBEM”. Ali era uma escola tipográfica que, dentre outros trabalhos, publicava semanalmente a Folha de Guaraçaí.

Formei grandes amizades que duram até hoje. Eram constantes as nossas conversas e brincadeiras depois do expediente lá no quartinho das prateleiras de papeis. Eu que já escrevia desde muito novo, foi em um desses momentos que comentei com o Jair, um de nossos monitores, o meu desejo de escrever para o jornal, mas minha letra era muito ruim. Sugeriu-me ditar que ele anotaria. 

Lembrei-me de um texto que li na minha cartilha chamada Davi, quando eu ainda era aluno na AACD-Santana. Ditei-lhe o que dei como título “A lenda do milho”. Foi colocado na pasta das matérias a serem compostas. Assim que teve espaço, o saudoso João, nosso coordenador na época, achou muito legal e mandou publicar. Vou reproduzir aqui exatamente o texto:

A LENDA DO MILHO

Tabajara era um índio muito bondoso e querido pelo seu povo.
A tribo estava passando por muita dificuldade.
Não havia caça e a pesca estava difícil.
Tabajara sentiu que ia morrer. Reuniu os homens de sua tribo e disse:
- Enterrem meu corpo em uma cova bem rasa. Esperem vir a chuva e o sol. Ali nascerá alimento para toda a tribo. 
Após a morte de Tabajara, seu povo fez o que ele mandou. 
E em cima da cova do velho guerreiro apareceu uma planta.
Sua folha comprida parecia a lança de Tabajara. Sua flor vistosa o cocar do chefe índio.
E a tribo descobriu que a sua espiga era um delicioso alimento.

Edição do dia 03 de julho de 1983. Assinado só como “Emílio Carlos” era a primeira vez que meu nome fora impresso em um jornal como autor. E passei a adotar essa data como; o início oficial de minha carreira. Logo aprendi a datilografar com um só dedo, não precisava mais ditar meus textos para serem publicados. Onze anos depois, veio o computador e tudo facilitou mais ainda. 

Fascinava-me quando, em 1983, entrei para a tipografia e ficava observando meus colegas ajuntar tipos (letras) móveis no componidor, formando frases, parágrafos, montando: pesadas chapas de chumbo com textos e artes cujo resultado final era a impressão em papel com diversas finalidades.

Fazendo uma metáfora, minha vida também tem sido conduzida assim: o ajuntar de tantos “eus” que resultam em inúmeras produções que agradam e ajudam a muitos. Uma eterna composição estimulada por muitos desafios e repletas de possibilidades. E daquela simples “Lenda do Milho”, trinta e oito anos já se passaram de tantas e diversificadas escritas!!!

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