QUANDO CID MOREIRA ME COLOCAVA NA CAMA



Sexta-feira passada, a televisão brasileira completou 70 anos de existência. Lembro-me que a imagem da televisão era preto e branco, botão para aumentar ou diminuir o volume, seletor para mudar os canais. E claro, o velho bombril na antena amenizando os chuviscos.

De muitas recordações, uma marcante era quando Cid Moreira entrava ao ar às oito horas em ponto na bancada do Jornal Nacional. Meu pai, sentado em sua poltrona, só olhava para eu e minha irmã Ana Paula, levantávamo-nos rumo ao quarto, indo dormir.

Nos primeiros cinco anos de vida eu não andava. Às vezes, minha mãe me deixava na cama de casal no quarto dela assistindo à pequena televisão portátil branca em cima da penteadeira. Vi muitos desenhos da Disney e de Hanna Barbera, os filmes da Disney.

 São das tardes de sábado as minhas belas recordações do seriado “A ilha da Fantasia”. Por volta das sete horas, passavam os desenhos da “Turma da Mônica”. Eu era muito ligado à televisão, talvez por ficar muito preso no apartamento, hoje posso dizer que pertenço a uma geração formatada por ela.

Após essa idade, meus dias eram bem rotineiros. Nos anos 1970, levantava-me cedo, indo com meu pai José Carlos no fusquinha cor café-com-leite à AACD. Estudo no período da manhã. Perto do meio-dia éramos liberados para o almoço. Um tempo era livre até às quatorze horas. No pátio aberto um enorme gramado, piscina cercada, uma quadra de cimento, os brinquedos, uma casinha de madeira onde os jardineiros guardavam as ferramentas. Depois éramos encaminhados às diversas terapias.

Toda essa área era cercada de uma grande grade xadrez verde, árvores e plantas. Por elas víamos as pessoas na rua, os carros em movimento, a vida acontecendo do lado de fora. Lembro-me de muitas pessoas olhando para dentro, observando-nos com curiosidade, espanto e piedade.

Dias bem rotineiros sim, mas que foram fundamentais na construção do que sou hoje.

De certo, Cid Moreira não me conhece e muito menos minha história. Mas ele era uma figura fundamental e afetiva. Aquele rosto carismático que, diária e pontualmente, para me mandar à cama, só bastava dizer: Boa Noite!!!

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