Uma pergunta recorrente em minhas palestras foi como eu lidei com o bullying na vida escolar. Respondo que como sempre fui uma pessoa positiva e cheio de sonhos, quando eles aconteciam, não lhes dava a devida atenção. Ou seja, eu não perdia tempo com babacas.
Nos primeiros onze anos escolares dentro da escola especial, por estar entre crianças iguais a mim, não tinha motivo para bullying. Na escola pública, fui tão bem acolhido e era amigos de todos, que se alguém viesse com intenção de bullying, meus próprios colegas cortavam a onda. Eu realmente só fui encontrar situações de bullying/discriminação nos meios religiosos e acadêmicos. Pois, como canta Caetano, “Narciso acha feio o que não é espelho e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho”. Como lidei com isso? Dei muitas bananas a eles!
Só que com digo brincando, “sou um caso perdido”. O bullying contra crianças e pessoas com deficiência realmente existe e é muito forte. A imagem da pessoa com deficiência muitas vezes é como um “espelho perturbador” na sociedade, incomodando por trazer à tona medos inconscientes, a impotência em reconhecermos nossas próprias deficiências e fragilidades. Essa imagem perturbadora derruba falsos conceitos que somos perfeitos, sensações de beleza. E muitos querem evitar ficar de fronte a uma pessoa com deficiência justamente para não perturbá-los em seus egos fragilizados e inseguranças mais secretas.
Nada justifica a prática, mas é o que vemos nas entrelinhas do bullying. Os agressores ou agem em grupo contra indivíduos que não conseguem se defender. Não desconsiderando o sofrimento da vítima, os agressores também são jovens que passam por problemas psicológicos ou que sofrem agressões no ambiente familiar e na própria escola e transferem os seus traumas por meio da agressividade contra os outros.
No início brinquei que não tenho tempo para perder com babacas. Mas na verdade, tanto a vítima como agressor merecem atenção. E um dos melhores caminhos será ensinar-lhe valores de respeito e regras de convivências mútuas.