Aos jornalistas III



Publicado em 13/11/2002



Continuando o artigo anterior…



6 – CUIDADO COM OS MITOS



Os mitos em torno da pessoa portadora de deficiência são antigos, transmitidos culturalmente entre as gerações. Estereotipadas como serem pessoas eternamente independentes, vivem em estado lastimoso, perigosas, assexuadas, não agradáveis ao convívio social, dotadas de alguma habilidade especial causada como compensação da deficiência, entre tantos outros mitos. Mas qualquer pessoa hoje com o mínimo de informação, ao ver tantos acontecimentos, conquistas e o forte movimento dessa classe, sabe que essas velhas visões não condizem com a realidade; assim, os jornalistas também sabem disso, embora sejam pessoas comuns e recebem como base a mesma formação cultural que os demais. Por isso, precisamos tomar cuidado com os mitos, saber evita-los, sempre mostrando os portadores de deficiência em situações e atitudes que não exagerem nem suas aptidões nem suas limitações;   Lembre-se, que são pessoas normais como você; nem coitadinho, nem super-herói!!!







7 – NÃO CARREGUE NAS TINTAS



Não existe nada mais chato para uma pessoa portadora de deficiência, quando ela é insistemente chamada como exemplo de força de vontade, exemplo de luta e coisas desse gênero; mesmo porque, ela é uma pessoa desempenhado o seu trabalho como outra qualquer, sendo que a única diferença é que ela porta uma deficiência, o que não lhe faz diferente, melhor ou pior que ninguém!!!



Quando formos produzir matérias sobre essas pessoas, focalizemos sempre os êxitos e dificuldades, sem contudo, insistir na questão de serem portadores de deficiência. Não é necessário – até mesmo evitável – exagerar na carga emocional dos fatos, retirando toda a pieguice e sencionalismo que o tema e a abordagem podem suscitar. Evitemos expressões como “valente, corajoso, inspirado“, pois elas não trazem e nem retiram atributos da personalidades dessas ou de qualquer outra pessoa; é perigoso também as falsas comparações visando minimizar as “marcas da deficiências”, pois estaremos correndo o risco de produzir outros errôneos conceitos e falsas imagens mais profundas dessas pessoas das quais a população já mantém falsos mitos. Substituímos ainda, palavras como “simpatia, amor ao próximo, caridade”, por “respeito, aceitação, solidariedade, reconhecimento (de sua capacidade).



Para isso, o documento internacional recomenda novamente, que em notícias e nos documentários só destacar se a pessoa tem uma deficiência se tiver haver com o assunto. Isso não significa que devemos ocultar o fato, mas sim, enxergar e valorizar o indivíduo como pessoa, que realmente o é!







8 – VEJA TODOS OS LADOS DA QUESTÃO



Por várias vezes aqui já recomendamos mostrar as pessoas portadoras de deficiência de forma normalizada e em situações comuns do dia-a-dia. Isso significa apresenta-la com sua identidade total, experimentando a dor, o prazer, o desejo e as demais coisas que qualquer pessoa experimentam. Todos nós somos dotados de sentimentos que derivam de atitudes criativas, de trabalho, paternidade, sexo, educação e participação na comunidade. Por isso, não podemos deixar de lado a realidade que essas pessoas também são dotados de potencialidades e fragilidades que as demais.







9 – PREFIRA INFORMAÇÃO NORMALIZADORA



Isso poderá ser feito focalizando as pessoas portadoras de deficiência, incluindo as mentais, em situações sociais e físicas comuns a toda comunidade, tais como, trabalhando, praticando lazer, indo a escola, cinemas, shoppins center, fazendo compras, em lanchonetes e restaurantes, passeios ao ar livre, namorando… Desenvolvendo atividades da  vida diária, se vestindo sozinha, preparando refeições, cuidando da casa e dos filhos, dentre outras.







10 – VEICULE INFORMAÇÃO ACESSÍVEL E PERMITA O ACESSO DAS PESSOAS À INFORMAÇÃO



Por fim, o “Mídia e Deficiência: Manual de Estilo”, recomenda: “Leve em conta a curiosidade natural e a eventual posição embaraçosa que pode se produzir em situações sociais que incluem pessoas com deficiência. Quando for apropriado, ofereça exemplos sem que, de forma positiva, esta curiosidade seja satisfeita e que se possa superar a situação embaraçosa”.

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