O Centrinho Na Era Da Informática (Parte 9)



O Hospital, graças as suas ricas informações na área de saúde, passou a integrar em maio de 1984, o Projeto Ciranda da Embratel, um espaço cultural pertencente aos funcionários da empresa, que através dele, utilizavam computadores para obtenção e divulgação de dados, conseguidos através do terminal central do Rio de Janeiro. O convênio já era o antigo sonho do Centrinho, sendo que, seu diretor chegou a comentar na coletiva: “O convênio irá preencher as necessidades básicas da informação, em termos de informações na área de saúde, inclusive para nossos clientes. (…) O hospital possui um serviço de informação por telefone para esclarecer sobre alimentação, postura das crianças e tipos de mamadeiras”. Entretanto, as linhas interurbanas do Centrinho estavam sobrecarregadas e o acesso às informações através do computado do Projeto Ciranda, passou a solucionar o problema das famílias dos novos pacientes.



Na época, 4.500 pessoas tinham acesso ao Banco de Dados, sendo 2.500 através de computador próprio e o restante com acesso via os 63 postos de serviço da comunidade Ciranda, situados na Embratel, tendo o objetivo de popularizar e ciência, divulgando-a primeiramente entre os funcionários da empresa, através do intercâmbio via computador.






“O importante e interessante na Informática é que ela está sendo usada para humanizar, ajudando a salvar vidas, em benefício do homem”. Essa frase foi pronunciada no dia 10 de agosto de 1984, pelo professor Renato Sabatine, na época coordenador do Núcleo de Informática Biomédica da Unicamp, que esteve proferindo palestra no Centrinho. Renato aproveitou também para tomar um contato inicial da faze de implantação do computador para a Gerência do Hospital. Segundo o mestre, “as informações que o médico tem a registrar são complexas, e por isso o uso do computador vai auxiliá-lo”. Considerou importante para o Centrinho essa nova fase computadorizada, “porque é muito grande o volume de informações manipuladas pelo Centrinho e, alguns casos, o paciente é acompanhado desde o nascimento até aos 18 anos”.



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E novamente, o HPRLLP conseguiu, verba para expansão. A Secretária do Planejamento liberou em 10 de agosto, cerca de Cr$ 250 milhões para o hospital, sendo que ainda anunciaria para os próximos dias um novo montante de recursos para à entidade. Visando a contratação de pessoal. Essas contratações eram necessárias, porque o Centrinho passaria a atender de segunda a sábado ineterruptamente, inclusive com cirurgias aos sábados.



Enquanto isso, uma grande agitação tomou conta da Faculdade de Odontologia de Bauru-FOB e do Centinho, ainda no mês de agosto de 1984. A transferência dos cursos de Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Fisioterapia da Faculdade de Medicina de São Paulo para Bauru. Autoridades e coordenadores encarregados pela reestruturação dos cursos, estiveram na cidade na época para avaliar a possibilidade da vinda. O até então diretor da FOB, Dr. José Mondelli, recapitulou que a ideia de trazer esses três cursos para Bauru surgiu de uma conversa entre ele e o reitor da USP, Paulo Hélio Guerra Vieira, destacando que aqui não haveria problemas de área física existente na Faculdade de Medicina ou por questões na parte didática.



A infraestrutura disponível impressionou a comissão da USP. Tanto a FOB como o Centrinho, aos olhos dos técnicos, possuíam uma infraestrutura não só permitia, como até mesmo recomendava a instalação dos cursos. Outros estabelecimentos também foram visitados como os hospitais de Base, Lauro de Souza Lima e Manuel de Abreu. a Sorri e a APAE, com vistas à transferência daqueles cursos para Bauru.



Toda essa movimentação levou, no dia l8 de agosto, o diretor do Centrinho, Dr. Gastão, à São Paulo, que se reuniu com alunos e professores da USP, para expor através de vídeo cassete com suas explicações, as reformas e adaptações necessárias para instalação dos cursos na cidade. Porém, após toda essa movimentação, tudo caiu no silêncio, não permitindo que obtivéssemos informações o do porque os cursos não foram instalados em Bauru.



A rotina continuava no Centrinho, embora fervesse cada vez mais o sonho de abrir novos horizontes…



Em l3 de novembro de l984, dando mais um passo na programação do HPRLLP, para implantação de núcleos regionais – destinados à área de controle das lesões –  em várias cidades do Norte/Nordeste brasileiros, o diretor Dr. Gastão, seguiu para o Rio de Janeiro, onde se encontrou com a Diretoria do Siplan – órgão que envolvia setores de liberação de verbas do Ministério da Educação, Saúde e Previdência. Sua proposta era um convênio entre o órgão e o Hospital para permitir a implantação do primeiro núcleo em Belém, no Pará, onde já existia a possibilidade de se utilizar o Hospital da Aeronáutica e a doação de uma área de 50 mil metros quadrados, para a construção de um hospital. Já havia, paralelamente, programados núcleos ainda para Natal (RN), Fortaleza(CE) e Salvador.



Esse contato só foi possível graças ao “sinal verde” dado pelo ministro da Presidência, Jarbas Passarinho, quando esteve uma semana antes visitando Bauru. O projeto e as obras eram de fundamental importância, uma vez que proporcionaria atendimento a mais baixo custo nos locais necessitados, proporcionando também o desenvolvimento regional daquela área. Equipes já estavam em treinamentos para desenvolver esse trabalho, com a supervisão da área bauruense, de seis em seis meses, que ficaria apenas com o atendimento os casos mais raros.





NOTA: Essa série de artigos é fruto do documentário “Nem São Francisco Sabia… A História de Centrinho de 1967 a 1995”, hoje Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP/Bauru. Realizado entre 1994 a 1996 por Emílio Figueira, contou com bolsa de especialização da Universidade de São Paulo-USP.


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