O Centrinho, O Projeto “Carona Amiga” E As Novas Verbas (Parte 8)



Com o objetivo de oferecer reabilitação aos pacientes portadores de fissuras lábio-palatais, o HPRLLP, através da assistente social Maria Inês Graciano lançou em 1982, o projeto “Carona Amiga”, consistindo em reunir pacientes de uma mesma cidade, para que sejam atendidos pelo hospital no mesmo dia, facilitando   assim, o problema de transporte. Tratava-se de um projeto inovador, extra-muros, mobilizando não só o Centrinho, como os pacientes e outros personagens da comunidade, buscando recursos humanos e institucionais visando a liberação de condução para o transporte de pacientes de um mesmo município, apresentando as seguintes vantagens:



– economia nas despesas de viagens;



– racionalização de tempo;



– desenvolvimento  da convivência entre os  pacientes;



– facilitação da assiduidade no tratamento.






Naquela época, o Centrinho atendia 3.725 pacientes atingindo cerca de 650 cidades de todos os Estados brasileiros. Nesse sentido o projeto “Carona Amiga”, pretendia promover o entrosamento desses pacientes. Segundo depoimento da assistente social na ocasião, “a proposta do projeto é justamente essa, de conseguir facilitar o transporte dos pacientes, pois na maioria dos casos são famílias de classes média e baixa, que interrompem o tratamento dos filhos por não terem condições de arcar com despesas de viagens”.



O projeto “Carona Amiga” é um trabalho que se desenvolveu e criou raiz no Centrinho, permanecendo até os dias atuais. Uma apostila produzida pelo Serviço Social em 1991, explicava em um trecho dedicado a essa iniciativa: “A organização desse Projeto, se inicia à partir da resposta positiva de Prefeituras ao ofício de solicitação de apoio locomoção enviado pelo Serviço Social de Projetos Comunitários, aos cuidados dos coordenadores. Este apoio consiste na liberação de condução municipal para transporte dos pacientes de seus municípios, até o HPRLLP. Ao Serviço Social de Projetos Comunitários cabe o planejamento anual de datas para o agrupamento dos pacientes, considerando o número de pacientes no município, o tipo de condução, sua capacidade, a periodicidade da liberação (semanal, quinzenal, mensal, etc.) bem como as possibilidades do Hospital”.



Essas datas das Caronas Amigas organizadas (atualmente em números de 270), são comunicadas previamente às Prefeituras Municipais e aos coordenadores, visando a organização, administração e supervisão do Projeto. Além deste procedimento, o Serviço Social de Projetos Comunitários, envia para esses coordenadores – em cuja cidade, o Projeto está em desenvolvimento – a listagem dos pacientes com as datas de retornos previstos, no mínimo, com 10 dias de antecedência, para que o coordenador e a Prefeitura possam operacionalizar a utilização da condução municipal.



* * *



 Uma verba de 50 milhões de cruzeiros foi liberada pelo governo do Estado, ao HPRLLP, a título de suplementação orçamentária para a entidade. O Decreto autorizando os recursos, assinado pelo próprio governador José Marias Marin, foi publicado no Diário Oficial do Estado em 08 de outubro de l982. O dinheiro teria basicamente duas finalidades: a complementação das despesas do Centrinho até o mês de janeiro, já que o orçamento inicial, fixado pele Reitoria da USP  em 125,4 milhões  encontrava-se deficitário, e, ao mesmo tempo, a conclusão das obras de ampliação do hospital, representadas pela nova ala do prédio, com 6.500  metros quadrados de área construída,  em fase do conclusão, distribuídos em 3 pavimentos, onde foram instalados, gradativamente, laboratórios  de fonação e aspectos psico-pedagógico sociais, unidade   pedagógica, seção de material e almoxarifado, arquivo unidade de Raio-X, unidade cardiológica, laboratório de genética, berçário, Serviço Social. Área para visitas e até mesmo um centro de computação, ligado diretamente, através de um terminal próprio, ao Centro de Processamento de Dados da Fundação de Bauru. A obra possibilitou ainda, o remanejamento no número de leitos do hospital, em cerca de 40%, aproximadamente.



Construído com recursos provenientes de vários órgãos, tanto do governo federal como estadual (Finep, Fipec, CNPq), o prédio representava um investimento total de 300 milhões de cruzeiros até aquele momento.



Em dezembro, o Fundo de Incentivo à Pesquisa Científica e Tecnológica do Banco do Brasil, liberou uma verba complementar para o Centrinho, destinada ao financiamento de um projeto de pesquisa na área da fonoaudiologia.



Com essas novas verbas, segundo as explicações de José Alberto de Souza Freitas (Dr. Gastão) na época, permitiria ao Centrinho, agilizar sua segunda fase de atuação no tocante ao atendimento público, isto é, “estaremos adentrando na área de pesquisas científicas”. Declarou o diretor do hospital à imprensa: “Assim, os nossos profissionais, com condições técnicas para isto, poderão desenvolver e publicar trabalhos, que atualmente permanecem restringidas à realização de palestras e conferências; ao mesmo tempo, o Centrinho, com este trabalho de seus profissionais, vai tendo mais credibilidade junto aos órgãos governamentais. Com isto, deverão surgir mais facilidades no sentido de obter fontes, de recursos, uma vez que tais pesquisas resultam numa certa libertação para a entidade tanto nos meios nacionais como internacionais”.



NOTA: Essa série de artigos é fruto do documentário “Nem São Francisco Sabia… A História de Centrinho de 1967 a 1995”, hoje Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP/Bauru. Realizado entre 1994 a 1996 por Emílio Figueira, contou com bolsa de especialização da Universidade de São Paulo-USP. Foram publicados no jornal Diário de Bauru de maio a julho de 1997.



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