O Centrinho Nos Anos 80 (Parte 6)



A partir deste artigo, vamos começar a relembrar e a relatar alguns acontecimentos da história do Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais-HPRLLP, durante a década de 80.



Tudo começo muito bem, pois a crise orçamentária que atingiu o Centrinho nos anteriores, começou a ser resolvida logo no início da década. Em junho de l980, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, assinou um importante convênio com HPRLLP, permitindo a ampliação das suas atividades e a aquisição de maquinários indispensáveis ao bom funcionamento da entidade. O bom relacionamento entre o diretor do hospital, Dr. Gastão, com secretário Luiz Ferreira Martins, foi preponderante para a assinatura do convênio, que possibilitou a arrecadação anual de três milhões de cruzeiros.



Nesse mesmo período (4 de julho), esteve visitando o Centrinho, o sanitarista Rubens da Silveira Britto, diretor da Divisão de Saúde do Departamento de Recursos Humanos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), motivado pela criação de núcleo em Belém.






Naquela data, através do convênio com a Força Área Brasileira, chegou à Bauru, um avião trazendo mais oito amazonenses para tratamento no Centrinho. No dia seguinte, a mesma nave levantou vôo, levando de regresso 34 fissurados que já estavam no hospital a cerca de um mês, e que haviam terminado a primeira fase do tratamento.  Até ali, o HPRLLP já havia atendido mais de 300 pacientes oriundos da Amazônia, Pará, Acre, Maranhão, Goiáis, Mato Grosso do Norte, Rondônia, Roraima e Amapá. Por isso, a criação em Belém de um núcleo de diagnóstico e acompanhamento dos fissurados lábio-palatais, teria inicialmente, a tarefa de acompanhar o fissurado após a primeira fase do tratamento em Bauru. Além que, técnicos e médicos daquelas regiões passaram a vir fazer treinamentos no Centrinho.



Ainda em julho, o HPRLLP, teve finalmente, autorizado seu convênio para atendimento de pacientes vinculados à Previdência Social. A notícia, na ocasião, foi prestada pelo ministro Jair Soares, da Previdência e Assistência, ao deputado Alcides Franciscato, que desde l976 estava acompanhando o diretor do hospital, Dr.Gastão, nas reinvindicações em favor do convênio.



O documento foi assinado no mesmo período e passou a garantir à partir de 1.o de agosto, a ajuda mensal de 500 mil cruzeiros à título de cobertura das despesas dos pacientes segurados do INAMPS, sendo 80% do total.



O Dr. Gastão decorreu de um longo período para conquistar o direito de se conveniar com o Inamps, movimento que se iniciou em novembro de 1976. Daquela data mensalmente ocorreram trocas de correspondências, visitas, apelos no sentido de se conseguir a autorização do presidente de República Ernetto Geisel, na visita que fez ao Centrinho, prometendo atenção ao assunto.



Em l978 ainda, o general Golbery do Couto e Silva, também ficou sabendo do processo, através do deputado Franciscato, que em agosto do mesmo ano lavando o então candidato a Presidência, João Baptista Figueredo, a visitar o hospital. Em março de l979, Franciscato conseguiu o apoio do senador Jarbas Passarinho e ambos levaram o Dr. Gastão, por duas vezes, a tratar do assunto com o ministro Jair Soares. Em maio de l980, o mesmo ministro, em nova reunião com o deputado bauruense, prometeu uma solução para breve que ocorreu na primeira semana de julho.



No mês de agosto, o HPRLLP e o governo de Rondônia (na época ainda território), assinaram um convênio através do qual, 400 portadores de fissura lábio-palatais passaram a serem atendido pelo hospital. O mesmo começou a ser negociado quando em 1979 o governador rondoniense Jorge Teixeira de Oliveira, veio a Bauru. Por força do documento, o Centrinho passou a fazer todo e tratamento e o governo de Rondônia a custear as despesas de viagens e estadias dos pacientes e seus acompanhantes.



l98l foi um  grande marco mundial na área da deficiência e  reabilitação. Através de decreto da ONU, foi o ANO INTERNACIONAL DA PESSOA DEFICIENTE, onde os problemas e situação e imagens das pessoas com deficiência começaram a serem divulgadas na sociedade. Inclusive, os próprios deficientes passaram a tomar consciência de si como cidadãos, começando a ser organizarem em grupos, associações, etc…



Não indiferente aos acontecimentos, e diante de sua missão reabilitacional, o Centrinho seguia firme em seus propósitos!!!



Na tarde de 1.o de julho de l98l, às 15 horas, na sala da Gerência do Banco do Brasil, regional de Bauru, o próprio Dr. Gastão anunciou à imprensa local, que ali ele acabara de assinar a liberação de recursos no montante de Cr$ 22 milhões e 853 mil cruzeiros pelo Fundo de Incentivo à Pesquisa Técnico-Cientifica do Banco do Brasil (Fpec). A verba foi aplicada na compra de equipamentos técnico-científico necessário para o total desenvolvimento do projeto “Fonação nas fissuras lábio-palatais”, elaborado pelo Dr. Gastão, e que estava em andamento. A verba possibilitou ainda a conclusão de um novo prédio anexo ao HPRLLP.



NOTA: Essa série de artigos é fruto do documentário “Nem São Francisco Sabia… A História de Centrinho de 1967 a 1995”, hoje Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP/Bauru. Realizado entre 1994 a 1996 por Emílio Figueira, contou com bolsa de especialização da Universidade de São Paulo-USP. Foram publicados no jornal Diário de Bauru de maio a julho de 1997.

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