Pessoas Com Deficiência, Meios De Comunicação Alternativos E Novas Possibilidades



NOTA: Artigo publicado nos anos 1990



DEVERES, METAS, DIFICULDADES E FUTURO



A utilização da comunicação alternativa em prol das pessoas com deficiência é uma prática ainda recente no Brasil, se comparada com outros países. Porém, caracteriza-se em algo importante e um grande instrumento para àqueles que lutam pelas diversas questões relacionadas a esse campo. Refletir sobre essa comunicação alternativa, é o mesmo que tentarmos responder as seguintes perguntas: O que é essa comunicação em prol da pessoa com deficiência? Qual o papel essa imprensa deve ter em nossa sociedade? Quais as dificuldades e sua relação com o sistema capitalista? Qual o futuro dessa comunicação alternativa no Brasil?



Primeiramente, devemos destacar que essa comunicação deve ser porta-voz da classe que representa: quem tem deficiência!!!



Sua missão é fazer circular as informações necessárias para amenizar partes dos problemas que atingem a classe, levando novos conhecimentos, descobertas científicas, benefícios, legislação existente e tudo de interesse aos mesmos, além de uma visão otimista da realidade, incentivando-os! Todas essas informações que, certamente, não aparecem na “grande imprensa”; ou quando aparecem, são pequenas notas, não tendo o tratamento e a profundidade necessária para informar àqueles que dela necessitam.






Mas para àqueles que trabalham nesse tipo de “jornalismo especializado”, é preciso estarem atualizados para gerarem tais informações.  É preciso ler as principais publicações da área, seja científica, alternativa, ou matérias, embora raras, nos meios de comunicação de massa; é preciso estar em constante contato com os principais Centros de Reabilitação e Instituições, estudiosos independentes; todos os pesquisadores e produtores de novas descobertas e conceitos no Brasil e exterior. Sobretudo, que sejam capazes de filtrar esses conhecimentos adquiridos e transformá-los em informações para aqueles que dela necessitam. Segundo o “Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência” (Nações Unidas, 1992), parágrafo 152, é preciso “assegurar às pessoas deficientes, às suas famílias e aos profissionais o recebimento de informação disponível sobre programas e serviços, legislação, instituições, meios técnicos, equipamentos e aparelhos, etc.”.



As comunicações alternativas podem e devem propiciar o diálogo. A troca de ideias, experiências e conhecimentos entre os membros envolvidos na temática (pessoas com deficiência, famílias, técnicos, especialistas e outros). Podem fortalecer o contato com outros segmentos e/ou com a sociedade em geral, como analisaremos mais adiante. Esse diálogo poderá permitir que os laços entre as pessoas se fortaleçam, realizar encontros “face a face”, o que será um intercâmbio de opiniões, podendo-se constituir uma verdadeira rede de comunicação aproximando solidariamente os membros dos grupos organizados em defesa dos direitos dessas pessoas.



Tão importante quanto o diálogo, é a “função educativa” que esses meios de comunicação terão perante a sociedade. Se adequado a sua missão, oferecerão um conhecimento crítico da realidade e condições para que a sociedade construa as suas próprias conclusões a respeito das pessoas com deficiência. Isso porque tanto os meios de comunicação de massa, quanto a elitizada educação pública, acostumaram o povo brasileiro a não se aprofundar na realidade, ficando apenas com as aparências, além do que, às vezes, oferecem-nos explicações falsas, ocultando fatos e criando estereótipos.



Este relacionamento aqui proposto entre os meios de comunicação alternativos sobre deficiência e a sociedade, poderá constituir-se em um instrumento fundamental para desencadear atitudes revolucionárias, e, quisá, a transformação das estruturas, já que, quanto mais intensa for a comunicação, maior será a interação das pessoas envolvidas. Todavia, não podemos cometer a ingenuidade de pensar que este processo será tão simples quanto parece.



Vivemos em uma sociedade conservadora que ainda cativa velhos conceitos e visões. Uma sociedade que não quer, ou pelo menos não incentiva, a enxergar além de seus limites. Fatos como estes, estimulam a perpetuação dos “pré-conceitos”, as formas discriminatórias e estigmatizadas, já embutidas em nossa cultura, que sobrecaem em mulheres, negros, índios, pobres, religiosos, pessoas com limitações… Nada é oferecido à sociedade, pelo menos pelas classes elitizadas e dominadoras, para que essa grande massa rompam essas “visões pré-moldadas” e redescubram a verdadeira realidade que as cercam. Há até quem diga que “tentar modificar o padrão cultural da grande massa, é ao mesmo tempo tentar invadir o mundo particular de cada pessoa”. E assim vai-se negando, não um comportamento generalizado, mas o conhecimento mínimo que cada pessoa deveria ter com relação a realidade e com relação as demais pessoas…



Diante deste contexto, os meios de comunicação alternativos têm os seus deveres e obrigações redobrados. Cabe a eles oferecer à população uma consciência desenvolvida e crítica, negada pelos meios convencionais. De certo que o preconceito está embutido em nossa cultura. Mas é possível combatê-lo e eliminá-lo? Sim, acreditamos que sim! Só é preciso ir com certa maturidade para não nos frustrarmos no meio do caminho e não desanimarmos diante das barreiras sociais. Esse será um processo que se não começarmos agora, nunca atingiremos tais objetivos. Assim, os meios de comunicação alternativos, devem sempre apresentar uma imagem real das pessoas com deficiência, além de mais aproximada possível da realidade social, conforme sugere o parágrafo 27 do “Programa de Ação Mundial para Pessoas Portadoras de Deficiência”, das Nações Unidas: “Das pessoas deficientes, deve-se que esperar desempenham o seu papel na sociedade e cumpram as suas obrigações como adultos. A imagem das pessoas deficientes depende de atitudes sociais baseadas em diversos fatores, que podem constituir a maior barreira para a participação e a igualdade. É costume ver a deficiência como a bengala branca, as muletas, os aparelhos auditivos e as cadeiras de rodas, sem se ver a pessoa. É necessário focalizar a capacidade da pessoa deficiente, e não as suas limitações”.



Por outro lado, podemos relembrar aqui, alguns trechos do livro-cartilha “Ética e Legislação: Os direitos das pessoas portadoras de deficiências no Brasil” (Bieler, 1990):



(…) Falar em Ética quando se trata das pessoas portadoras de deficiência física (motora) e o meio ambiente que as cercam pode ser uma tarefa delicada. Até muito pouco tempo, a sociedade não conseguia enxergar o indivíduo, além da cadeira de rodas, da muleta, do membro amputado ou deformado. Estas pessoas, diferentes no físico ou na forma de se locomover, são iguais na essência humana.



Com ideia pré-concebida sobre o que estas pessoas precisam, o que sentem, como pensam, a sociedade desenvolve um comportamento ético padrão calcados no paternalismo, para tratar de “forma civilizada” da questão (que tanto incomoda a todos quando se deparam com ela frente a frente).



(…) Desde o início dos tempos em todo mundo, estas pessoas foram alijadas do convívio social, impedidas de participar e desenvolver sua capacidade como indivíduo e cidadão. Estão situação de inércia levou a uma acomodação por parte dos deficientes e da sociedade mantendo, até recentemente, o grupo marginalizado. Até aí, a Ética do paternalismo e da tutela imperou, sem concorrência.



(…) No lugar da Ética da piedade deve estar hoje a Ética do respeito e do reconhecimento. Esta é a dívida que a nação tem com seus portadores de deficiência (10% da população) – a maioria com causas sociais como a falta de prevenção, a subnutrição, a violência urbana, os acidentes de trânsito e a desinformação.



Embora a sociedade, de uma forma geral, identifique todas as pessoas portadoras de deficiência como sendo iguais, cada tipo de deficiência possui suas próprias características, exigindo um comportamento ético diferenciado. (…)



Os meios de comunicação alternativos precisam, poeticamente, “transmitir vida que desperte novas vidas e realidades”; romper com a atmosfera compacta da incomunicação gerada por grandes jornais, rádios, emissoras de televisão, tocar em pontos vitais para a classe que representa; colocar a pessoa com deficiência no centro da comunicação e não a margem da mesma.



Em outro aspecto, já vimos que a comunicação alternativa existe para canalizar e divulgar aquelas informações não aproveitadas pela “grande imprensa”. Mas podemos ser otimistas a ponto de dizer que essas “pequenas publicações” podem servir de incentivo para que assuntos que envolvam essas pessoas, cheguem aos meios de comunicação de massa. É o que propõe mais um trecho do documento PAM, parágrafo 149: “Devem-se desenvolver pautas, em consulta com as entidades de pessoas deficientes, para estimular os meios de informação a veicularem uma imagem abrangente e exata, assim como uma representação e imagem esquânimes sobre as deficiências e as pessoas portadoras, no rádio, no cinema, na fotografia e na imprensa. Um elemento fundamental de tais pautas seria que as pessoas deficientes tivessem condições de apresentar elas próprias os seus problemas ao público e de sugerir as formas de resolvê-los. É necessário estimular a inclusão de informação sobre a realidade das deficiências nos currículos para formação de jornalistas”.



Referente a esta abertura nos meios de comunicação de massa, os grupos representativos das pessoas com deficiência e todas aquelas que procuram a equiparação de oportunidades, devem tratar de transformar-se em entidades capazes de influir comunitariamente para que, também, que são os responsáveis máximos dos meios de comunicação lhe dê a devida atenção.







A DEMOCRATIZAÇÃO DA LEITURA E O CAPITALISMO





Outra questão que também merece reflexão, é com relação em se colocar cada vez mais as publicações alternativas ao alcance e interesse do grande público. Um tema que não podemos discutir de forma isolada – como todas as questões que envolvem pessoas com deficiência. Mesmo porque, tudo e todos fazem parte de uma mesma sociedade. E pensar a democratização da leitura no Brasil é sobretudo pensar a democratização política da nossa sociedade e a transformação das estruturas sociais e econômicas. Em uma sociedade como a nossa onde se prioresa o capital e a maioria das pessoas vivem para o trabalho, onde grande parte da população trabalha – literalmente – só para se alimentar, com baixo poder aquisitivo, falta de moradia, entre outros problemas, calcula-se que apenas 5% dos brasileiros leem jornais; essa porcentagem deve ser ainda menor com relação a leitura de livros; tudo isso destimula o gosto e dificulta a leitura, além da existência do analfabetismo crônico. E pensar de modo diferente a democratização da leitura, isolando-a das demais lutas sociais e políticas, é, senão ingenuidade, uma atitude elitista, que confunde a população da leitura com a criação da leitura com a criação pura e simples de novos espaços destinados ao livro (bibliotecas) e com a mera expansão da indústria editorial.



Marques de Melo (1990), vai mais fundo, afirmando que “a própria imprensa tem características que impedem a sua popularização. Além de usar uma linguagem inacessível à grande maioria da população (os jornais escrevem como se fala nas universidades e nos círculos elevados da esfera cultural), a imprensa brasileira diária só trata de assuntos que interessam às classes dominantes”. E, por outro lado, os veículos de comunicação encontram presas fáceis que acreditam cegamente em tudo que lhes é mostrado e dito como sendo verdade. Assim, não há o interesse por parte da população em mergulhar em leituras diferenciadas para distinguir a realidade do “mundo pré-moldado” que lhe foi apresentado.



São problemas que precisam ser vencidos ao longo do tempo, no desenrolar da nossa recém-criada democracia que aos poucos está encontrando o seu caminho. Como reafirma Capelato (1988), com relação a estas dificuldades, “a constatação é, no mesmo tempo, desoladora e desafiadora. Dentre as tarefas a serem realizadas para a construção de uma sociedade democrática, e leitura é das prioritárias. Enquanto não forem criadas oportunidades para ampliar o público leitor, nós (jornalistas e autores) seremos poucos a escrever para poucos, ou melhor, quase para nós mesmos”. Com a futura democratização da leitura no Brasil, que acreditamos que venha ocorrer a médio longo prazo, a leitura das publicações alternativas sobre as questões das pessoas com deficiência, ocorrerá naturalmente. Otimista, Capelato diz que “as dificuldades merecem ser enfrentadas, pois a luta pelo direito à informação – informação pública – é fundamental para o processo democrático”.



As publicações alternativas devem, contudo, manter o otimismo na missão que lhes cabe. Mas nunca esquecer também as dificuldades e as “pedras” que sempre aparecem no meio do caminho. Uma delas caracteriza-se basicamente na parte financeira. Aliás, esse é o principal ponto que impede a proliferação dessas publicações…



Como em vários pontos dos segmentos sociais, aqui também vamos nos deparar um pouco para a questão do capitalismo. Para se produzir uma publicação – seja ela voltada para as pessoas com deficiência ou não – precisamos de dinheiro, ou seja, anunciantes. Mas nem sempre é fácil encontrá-los. Essa dificuldade já levou ao término muitas publicações. Exemplo disso, foi a Revista Integração (publicada em São Paulo), que após seis anos de existência, teve sua circulação interrompida na edição nº. 24, em março de 1994.



Certa vez, entrevistado por essa mesma revista (Integração, 1990), o publicitário Washinton Olliveto, indagado o porquê um veículo de informação que se destina, por exemplo, às questões das pessoas com deficiência, recebem tão poucos anúncios e/ou apoio das empresas nas campanhas institucionais, o mesmo respondeu:



“Na verdade é que hoje, para ser bastante sincero, o potencial do anunciante brasileiro sofreu num encolhimento muito grande. E a maioria das campanhas são em função imediatista de venda, que mesmo as campanhas institucionais acabam tendo uma intenção de venda por trás dela. E, naturalmente, a partir daí na distribuição de verbas acaba-se optando por veículos de maior penetração, de grande mídia exatamente por acreditar que através desses veículos vai se conseguir uma imagem mais forte que vai gerar vendas. Isso acaba fazendo com que veículos desse tipo recebam anúncios muito mais através de gestos de mecenato que profissionais”.



Em outra abordagem referente às questões da ética da publicidade, perguntaram-lhe se existe uma linha de raciocínio de recomendação aos clientes para que veiculem suas mensagens em publicações dessa natureza, Olivetto afirmou categoricamente que não. Segundo o publicitário, “não existe um alto índice de profissionalização desses veículos. E às vezes você não tem a informação sobre elas o suficiente. Eu não saberia te dizer, por exemplo, quantas revistas existem nessa área, nunca me passaram essa informação“.



Surge aqui, então, outra vereda a ser percorrida. Além das publicações alternativas precisarem se tornar comuns entre a sociedade (a questão da função educativa!), é preciso também se popularizar entre os meios publicitários e empresariais. Mostrar um trabalho sério e competente. Provar que tem certa periodicidade religiosamente cumprida, pois ninguém gosta de investir eu um veículo que aparece de vez enquanto. É preciso mostrar a eles o perfil de seus leitores e o seu poder de alcance. Tentar procurar os anunciantes certos, como por exemplo, fabricantes de aparelhos auditivos, ortopédicos, cadeiras de rodas, próteses, clínicas, etc., que também venham de encontro aos interesses de seus leitores.



Se for o caso, pode-se até tentar obter as verbas existentes para projetos sociais dessa natureza, junto aos poderes governamentais, que sabemos que existem, mas quase nunca são destinadas aos seus devidos fins. Sem, contudo, render ou deixar-se dominar pelos mesmos, não permitindo que eles utilizem tais veículos como instrumento de propaganda política. Todavia, um órgão de informação democrático – seja alternativo ou não – precisa ter um bom relacionamento com todos, inclusive com os segmentos governamentais.



Em outro ponto, os meios de comunicação alternativos, voltados às questões das pessoas com deficiência, devem evitar os textos de promoções pessoais e a chamada “matéria paga” – reportagem ou notícia que se publica por dinheiro. Isso porque, o veículo, mesmo que iniciante, perderá a sua linha inicial de ação, ideologia e objetivo, tornando-se algo comercial apenas, perdendo sua credibilidade junto aos seus leitores e anunciantes.







OUTRAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVAS





Fora a publicação alternativa em forma de jornais ou revistas, há outras formas de comunicação que poderão ser utilizadas por quem deseje divulgar assuntos relacionados às pessoas com deficiência. Sobretudo, são meios de gerar e democratizar a informação tanto para esse público especifico, quanto ao público em geral.



COLUNAS EM JORNAIS E REVISTAS



Uma prática cada vez mais comum no Brasil é o colunismo. Pessoas com deficiência e/ou profissionais e especialistas da área escrevendo os mais variados pontos de vistas e conhecimentos em colunas nos órgãos de comunicação de massa, tendo por objetivo principal, repassar informações à população e, com isso, prevenir, informar e esclarecer sobre a importância dos conhecimentos sobre o que é uma pessoa com deficiência, causas e síndromes. As manifestações de leitores com relação às colunas são as mais variadas. Pessoas em geral, estudantes de segundo grau e faculdades escrevem aos jornais e aos colunistas solicitando maiores explicações, sugestões, trocas de opiniões e conceitos. Tudo democraticamente, sempre em um confronto de ideias e conhecimentos.



O ideal seria que cada jornal ou revista abrisse um espaço (semanal ou quinzenal) para divulgação desses trabalhos. Mas que interesse essas colunas teriam para os editores ou dono dos grandes jornais? Certamente uma maior credibilidade e reconhecimento da função social de sua publicação. Mas, por outro lado, acreditamos que as conquistas de espaço como esses, serão mais fáceis em pequenas publicações, como por exemplo, jornais interioranos que estão mais voltados aos problemas sociais de seu município do que com os acontecimentos nacionais e internacionais.



OS BOLETINS INFORMATIVOS



Outra prática alternativa de comunicação praticada pelos centros de reabilitação e entidades, são os Boletins Informativos, os Bis, graças a sua facilitação e baixo custo. Conhecido também por “jornalzinho”, os Bis têm uma regra a cumprir. Dentro de suas funções básicas, está a de organizar, aprofundar discussões, os serviços existentes na associação, as novidades técnicas e agenda (reuniões, eventos, etc.), dentre outras coisas.



Os Bis poderão ser feitos por àqueles que lutam e defendem os ideais das pessoas com deficiência – sejam suas entidades de representação, sejam essas próprias pessoas com deficiência – de dentro para fora e nunca de fora para dentro! Deverá ser porta-voz de um grupo de indivíduos conscientemente organizados. Uma imprensa só pode ser considerada comunitária, quando se estrutura como meio de comunicação autentica de uma comunidade. Isso significa dizer: produzido pela e para comunidade!



Sua confecção não chega a ser de difícil dimensão, podendo ser artesanal (de baixa tiragem), ou gráfica (de média à alta tiragem). Um tipo dos mais comuns, são os BIs elaborados com uma só folha de papel tamanho oficio em branco, dobrado ao meio, utilizando­-se os quatros lados. Antigamente, escolhido o que seria publicado, os textos e notas eram datilografados em máquinas de escrever simples ou eletrônicas em tiras de matéria fibrosa de origem vegetal refinada e branqueada, contendo cola para reproduzir em unidades com perfeição pelo sistema de Xerografia. Quando os BIs eram rodados em mimeógrafo, todo o material era datilografado em folhas de papel extenso. O nome do boletim e os títulos vinham escritos em letras maiores, manuais ou colantes. Algumas vezes eram letras recortadas de jornais ou revistas. Muitos boletins chegavam ao ponto de reproduzir recortes de matérias retiradas de grandes publicações. Hoje essa composição é feita via computador e uma impressora simples.



Existem os BIs feitos por equipes profissionais, redigidos por jornalistas, com moderno projeto gráfico, composição eletrônica, papel superior e impressão off-set. De alta tiragens e poder de alcance, são agradáveis aos olhos de seus leitores. Mas, infelizmente, é um trabalho caro para a maioria das entidades ou associações brasileiras que mal dispõem de recursos financeiros para as tradicionais terapias e projetos de reabilitação.



AS MALAS DIRETAS



Prática cada vez mais comum das entidades e associações, as Malas Diretas têm um processo operacional com bases constituídas em atingir o público-alvo específico. Geralmente enviadas aos sócios e contribuintes das mesmas, são direcionadas a engenheiros, médicos, políticos, técnicos reabilitacionais, gerentes, proprietários de determinados bens ou comércios, sociedade em geral e às pessoas com deficiência. Suas mensagens vão desde divulgar os serviços oferecidos pelas entidades, até divulgação e vendas de certos produtos fabricados por elas. Outras divulgam convites ou solicitam novos sócio-contribuintes.



As Malas Diretas são marketing direto, constituindo-se em fatores extremamente positivos. Sendo de alta seletividade e na forma de correspondências – catálogos, convites, mensagens publicitárias, etc. enviadas pelos Correios -, filtra o público a ser alcançado. Mas por outro lado, as Malas Diretas são de cobertura limitada, pois as entidades pagam uma taxa por nome, além de arcar com despesas de produção da peça e de envio.



JORNAL MURAL



A maioria das entidades, senão todas, têm em suas entradas, partes internas ou em cada sala, um Jornal Mural em suas paredes. Isso, graças à sua agilidade informativa, simplicidade de confecção e proximidade com seus receptadores, constituindo-se em um eficiente meio de expressão. As técnicas de produção e custos são os mais baratos possíveis. Para se fazer um Jornal Mural, antigamente se utilizava apenas uma máquina de escrever, mimeógrafo a álcool ou tinta, pincéis atômicos, cartolinas, letras e fotos para suas mensagens, contudo, atraindo e informando o público-alvo. Dentre os seus benefícios para as entidades, dispensa as produções sofisticadas por ser de baixa tiragem (geralmente unitário) e de periocidade curta. Alguns murais são montados mensalmente; outros quinzenais ou mesmo diários. E outros não tem definição, sendo renovado sempre que as matérias saem “quentes”.



ARTIGOS DE OPINIÃO



Todos temos as nossas opiniões pessoais, não só referente ao assunto que trabalhamos, mas acerca de variados temas que nos cercam no dia-a-dia. Do mesmo jeito que temos os nossos pontos de vista, também temos o direito democrático de manifestá-lo, seja através de fala ou da escrita. E uma das formas de se fazer isso, é por meio dos Artigos de Opiniões. Eles são tão valorizados, que todos os jornais e revistas mantêm seções abertas às manifestações dos mais diversos seguimentos. Esse gênero de texto democratiza a opinião no jornalismo, tornando-a não um privilégio da instituição jornalística e dos seus profissionais, mas possibilitando o seu acesso às lideranças emergentes na sociedade com o debate permanente dos problemas nacionais.



Temos uma visão das coisas, dos homens, do mundo por meio da chamada formação discursiva – o pensar com ponto de vista de alguma coisa absolutamente individual, algo que as pessoas elaboram independentemente de outras pessoas, fora das circunstâncias econômicas, sociais e culturais que as envolvem. Nem todo mundo precisa concordar com o ponto de vista de nossos artigos de opinião; mas, sobretudo, as pessoas têm que respeitá-lo, assim como precisamos respeitar a opinião de cada um democraticamente. Todavia, muitos desses artigos, publicados e lidos, geram outros escritos por diversas pessoas que apoiarão ou discordarão do nosso texto, não deixando também de ser o direito do confronto de ideias, gerando um confronto de opiniões o que, se realizado de maneira saudável, enriquecerá o conhecimento e ainda mais o acervo cultural.



Sua estrutura é fácil. Basta seguir uma dissertação básica (introdução, desenvolvimento e conclusão) e deixe o seu estilo e linguagem fluir naturalmente, sem se preocupar com outras estruturas e regras mais complexas. Afinal, você está escrevendo o seu ponto de vista!



Escrever artigos e manifestar as nossas opiniões é um gesto livre e um direito de cada um de nós. Porém, procure sempre ter a certeza do que vai falar e ter bons argumentos, enriquecendo ainda mais o seu texto.



A CRÔNICA



Escrita para ser publicada em jornais ou revistas, aborda fatos do cotidiano. O cronista colhe seu material de trabalho na observação dos fatos que acontecem na vida diária das pessoas. A crônica, diferente de uma notícia ou reportagem, não tem por finalidade principal informar, mas refletir sobre o acontecido em uma visão subjetiva do cronista sobre o universo com o narrativo invariavelmente na primeira pessoa. Sempre escrita com uma finalidade utilitária e pré-determinada: estar dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o leem. Apresenta um discurso que se move entre a reportagem e a literatura, o oral e o literário, a narração impessoal dos acontecimentos e a força da imaginação. Um diálogo com o leitor, monólogo com o sujeito da enunciação. Com uma “morte” mais lenta que a notícia, a crônica se veste das roupagens literárias como a metáfora, a ambiguidade, a antítese, a conotação, etc. Uma estrutura assemelha-se à de um conto, apresentando uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Assim como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém. Com base nisso, pode-se dizer que a crônica situa-se entre o Jornalismo e a Literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia. Ao desenvolver seu estilo e selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam com uma linguagem simples, espontânea. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.







CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO E A INTERNET





Nota-se que nos últimos anos, no Brasil, tem surgido um bom número Centros de Documentação e Bancos de Dados, com informações variadas sobre as questões que envolvem pessoas com deficiência, estão aflorando cada vez mais. Esses órgãos, entidades, ou muitas vezes, departamentos ou projetos acadêmicos, tanto públicos como os decorrentes das iniciativas privadas, estão interligados com todas as redes nacionais e/ou mundiais de informações, permitindo que pessoas deficiência tenha à sua disposição uma fonte com alta velocidade na transmissão dessas informações entre uma rede e outra e para ele, usuário final na ponta capilar dessas redes. Segundo Sassaki (1993): “Sendo a informação a matéria-prima dos centros de vida independente e de outras formas de organização dos portadores de deficiência, percebe-se de imediato a importância deste movimento no contexto social. Uma amostra dos tipos de informações disponíveis nessas redes pode comprovar essa percepção: aspectos de atendimento de casos, avaliação de programas sociais, credenciamento de entidades, administração de recursos humanos, aparelhos auxiliares para deficientes, métodos de prestação de serviços, cálculos de relação custo/benefício dos serviços, aplicações de computador, seguros, captação de fundos, questões legislativas e de defesa de direitos, oportunidades de emprego e de trabalho, etc.”.



Dentre esses Centros de Documentação e Redes de Informação, podemos destacar um dos maiores, pertencente à Universidade de São Paulo. Trata-se antiga REINTEGRA – Rede de Informações Integradas Sobre Deficiências -, parte da Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais CECAE. Entre suas metas, uma visava coletar e disseminar informações que apontam para soluções e orientam a tomada de decisões por parte de seus usuários. No geral, os objetivos da REINTEGRA eram:



 facilitar a plena utilização dos serviços existentes, pela constituição de uma base informativa capaz de atuar como fornecedora e receptora de informações;

 subsidiar o desenvolvimento de ações efetivas, através da formulação de políticas públicas de prevenção, reabilitação e inserção social;

 possibilitar a alteração de atitudes paternalistas ou segregacionistas, divulgando o conhecimento, gerado ou adquirido, constante do acervo;

estimular a integração social, buscando alcançar uma qualidade satisfatória de vida;

promover o exercício da cidadania, em igualdade de condições.





A REINTEGRA estruturava-se a partir de um Núcleo Central. De sua gradual expansão originavam-se os Núcleos Temáticos, que se articulavam segundos os princípios sistêmicos de inter-relação e interdependência. Essa forma de organização provocava o encontro entre produtores de conhecimento, instâncias decisórias e sociedade civil (principalmente o mais diretamente envolvido, pessoas com deficiência), causando necessidades específicas e alternativas existentes. Estabelecia canais de comunicação com outras redes ou sistemas de informação no Brasil e no exterior, para intercâmbio de dados e de metodologias de trabalho. O acervo da REINTEGRA era formado por bibliografias, livros, revistas, audiovisuais e outro tipo de material. Tudo pode ser consultado através de cartas, telefonemas ou por visitas pessoais. Em 1999, a REINTEGRA passou a ser a Rede SACI – Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação, a qual veremos mais para baixo.



A DOCUMENTAÇÃO NO BRASIL



Vamos aqui abrir um parêntese para analisar a questão da Documentação em nosso país, não apenas no que se refere às pessoas com deficiências, mas de modo geral.             Primeiramente, cabe a seguinte pergunta: O que deve ser um Centro de Documentação e Comunicação? É uma organização que:



* Promove a intercomunicação entre os indivíduos que integram um grupo ou setor;



* Converte-se na principal fonte informativa para os integrantes de um grupo ou setor;



* Dá coerência e continuidade às tarefas comunicacionais;



* Converte-se, a partir de tal tipo de tarefas, um centro de nucleação e organização de grupo ou setor.



Cada Centro de Documentação ou Banco de Dados tem a sua meta, sua necessidade, sua dificuldade (financeira ou não), além de se estruturar de acordo com a sua realidade e material disponível. Mas, sobretudo, de maneira generalizada, os Centros devem ter três atividades principais: a Documentação, o trabalho com meios de comunicação e produção de mensagem e a tarefa de conscientização, organização e mobilização.



Um conceito que é mundialmente conhecido, e que a UNESCO sempre está relembrando é que “a informação é um direito de cada cidadão”! Mas nem sempre isso funciona na prática. Como sempre, a produção de informação e como obtê-las, esbarra-se novamente no capitalismo. Há uma verdadeira indústria do saber, o que também podemos intitular de “indústria da massa cinzenta”, que entre suas atividades básicas está à produção, distribuição e consumo dos conhecimentos. No conceito de muitos estudiosos, a sede dessa indústria está concentrada, obviamente, nos países desenvolvidos. As atividades de pesquisa científica, os meios de comunicação de massa, a educação e o ensino, conjuntamente com a documentação, integram esta indústria.



Essa situação dificultatória de se realizar uma pesquisa, seja no tocante ao financiamento, seja no tocante a localizar e obter informações e bibliografias específicas, já não tem tanto efeito como antigamente. Estamos vivendo a “Era da Informática”. A cada dia, o computador facilita muita coisa, além de agilizá-la. E na Documentação não é diferente, pois fazendo uma pergunta bibliográfica, começa-se formulando a pergunta. O computador logo imprimirá na tela que há tantos artigos sobre o assunto pedido, e, caso assim o queira, ele fornecerá a lista de todas as referências bibliográficas, uma listagem de referências bibliográficas que, de outra forma, me demandaria um tempo muito maior.



Na questão dos Centros de Documentação e/ou Bancos de Dados voltados às pessoas com deficiência, podemos concluir que, esta deve ser uma atividade desenvolvida principalmente pelas entidades e outras pessoas ou segmentos ligados diretamente com a temática. E teoricamente, não visarem principalmente lucros, mas sim a realização social a que se destina. Um trabalho sério e bem organizado, pode construir melhor qualidade de vida e uma imagem real da pessoa com limitação, além de se tornar um poder; o poder de conquistar mentes e corações!!! E assim diante de muitas contribuições que a Documentação e/ou Bancos de Dados têm no movimento das redes de informações, Sassaki destaca o “impacto deste poder nas entidades assistências”:



* Elas devem preparar-se para atenderem pessoas melhores informadas sobre assuntos da pessoa com deficiência.



* Elas devem adotar a informática para poderem conectar-se com as redes de informações.



* Elas devem rever seus programas, serviços, procedimentos e políticas de atendimento com base nos conhecimentos oferecidos pelos bancos de dados.



* Elas devem treinar suas equipes para a nova realidade social, revelada pelas redes de informação que, por sua vez, estimulam o esforço de melhorar cada vez mais essa mesma realidade social.



A INTERNET E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA



O surgimento do computador significou uma grande revolução e facilitação no mundo da informação e documentação. Essa revolução foi ainda maior com o surgimento da Internet, a “mãe de todas as redes”, possibilitando consultar livros e outros documentos em mais de duas mil bibliotecas que podem ser acessadas 24 horas por dia em qualquer parte do mundo. Ela surgiu durante a guerra fria, quando o governo dos Estados Unidos sentiu a necessidade de criar uma rede de sistema de comunicação independente, e não tivesse fim, caso Washington fosse exterminada durante um ataque nuclear.



Não havendo dono ou uma central de comando, o sistema é totalmente livre a qualquer pessoa em todo o mundo, não tendo como saber ao certo o número de usuários, cifra que estava estimada em 400 milhões de pessoas até o final de 1995, quando a INTERNET contava basicamente com três tipos de computadores:



* Os servidores – grandes fornecedores de informações e programas, geralmente ligados a universidades ou instituições de pesquisas;



* Os nódulos – grandes máquinas que agem como servidores, mas também ajudam a escoar o tráfego de informações na rede;



* Os usuários – recebendo informações, passando mensagens e entrando em discussões sobre os temas de interesse. Por exemplo, um texto enviado por um usuário pode ser lido por milhões de pessoas.



Milhares de instituições e pessoas com deficiências navegam pela Internet. Aqui no Brasil, a primeira Conferência Eletrônica, “Cidadania e Portadores de Deficiência”, via Internet foi inaugurada pelo Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro (CVI-Rio), no primeiro semestre de 1995. Aberta a todos, além de estar conectada a todas as associações e centos de todo o planeta, os contatos, consultas e conversas no diálogo aberto, aproxima pessoas que moram a quilômetros de distância, visando divulgar informações, buscando soluções para os problemas que atingem milhões de pessoas com deficiências, além de possibilitar descobrir o que está se fazendo pelo mundo. Com a iniciativa, o CVI-Rio reafirmou uma das principais características básicas dos CVIs de serem centros de informações.



É do CVI-Rio a primeira experiência do uso desse recurso aqui no Brasil. A entidade ligou-se inicialmente na Internet via Rede Alternex, um serviço internacional de intercâmbio internacional, criado em 1988, sem qualquer finalidade lucrativa, voltado para a democratização da informação, sendo membro-fundador da Associação para o Progresso das Comunicações (APC), rede que congrega agências, como o próprio Alternet, em 18 países. A Rede é operada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) do Rio de Janeiro e gerido pela Rede Nacional de Pesquisa-RNP, um órgão da Embradel. Se autodenominando como “Rede pela Justiça Social e Direitos Humanos”, o Alternex dedica-se a assuntos ligados a direitos humanos, justiça social, ecologia, dentre outros – segundo informações extraídas do Jornal “SuperAção”, – Mar/Mai. de 1995, à página 07 -, órgão informativo do Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro.



A Internet pode oferecer outros recursos às pessoas com deficiência. Outro exemplo pioneiro vem de Recife (PE), do Núcleo Profissionalizante de Informática da Escola Padre Henrique, onde, inicialmente, 50 pessoas com falta de visão, auxiliados por um software (programa) DosVox – acoplado a um sintetizador de voz, transformando as funções do microcomputador em sons -, começaram a utilizar os serviços da rede, entre os quais está a leitura diária das primeiras páginas dos principais jornais do país, dentre outras informações e consultas.  Com o auxílio de uma impressora em Braille, é possível para o usuário imprimir qualquer texto que chegue via Internet, ou que já esteja na memória do seu migro. O software DosVox foi todo desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.



Ultimamente há um número incontável de sites e homepages sobre deficiência, tanto particulares quanto oficiais e de entidades no ar em nosso país. Vejamos um exemplo, a própria Rede Saci, primeiramente, lendo um trecho de seguinte texto contido em sua página: “É redundante enfatizar a onipresença e a importância da tecnologia no nosso dia-a-dia. Mas, se para a maioria das pessoas, a tecnologia torna a vida mais fácil, para uma pessoa com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis. É graças aos avanços tecnológicos obtidos nos últimos anos que várias pessoas portadoras de deficiência têm conseguido sua inserção na sociedade, tornando possível o exercício da cidadania e melhorando sua qualidade de vida”.



Criada em 1999 a Rede SACI – Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação -, uma rede voltada para a informação e a comunicação sobre a questão da deficiência que busca envolver, em sua trama, pessoas com todos os tipos de deficiência, seus familiares, profissionais, órgãos públicos, empresários, pesquisadores e formuladores de políticas públicas. Ela é uma iniciativa da USP – Universidade de São Paulo, através da CECAE – Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais; da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, através do NCE – Núcleo de Computação Eletrônica; da Rede Nacional de Pesquisa e do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas. Seus apoiadores são a Fundação Telefônica e Vitae – Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social.



A atuação da Rede SACI tem como objetivo reduzir a limitação imposta pela condição da deficiência e apontar para a aceitação da diversidade e dos limites decorrentes. Para tanto, a SACI busca facilitar o acesso a informações e abre canais de comunicação em mão dupla, dando vez e voz às pessoas com deficiência, visando visa estimular a comunicação e a difusão de informações entre pessoas com deficiência, seus familiares, profissionais, órgãos públicos, empresários e formuladores de políticas públicas. Contribui para a avaliação e o desenvolvimento de softwares e hardwares para pessoas com deficiência. O objetivo final é contribuir para a inserção dessas pessoas na sociedade, tornando possível o exercício da cidadania e melhorando sua qualidade de vida.



Como diz Federico Mayor, da Unesco: “É muito o que se pode fazer em termos de legislação, assistência, educação, emprego e prevenção. São muitas as lições que se podem tirar da experiência de outros países através da troca de informações e resultados obtidos. Para sermos conscientes temos de estar informados; para nos envolvermos, temos de ser conscientes.”



Pensando em promover o contato entre essas pessoas e entidades, a Rede SACI disponibiliza canais de comunicação para difusão de informações sobre o tema, visando estimular ar a inclusão social, a melhoria da qualidade de vida e o exercício da cidadania das pessoas portadoras de deficiência. Certamente, é um bom modelo a ser espelhado!



CONCLUSÃO

A partir de 1994, presenciamos a expansão da tecnologia: a Internet saiu do mundo da academia, serviu de tema para uma novela da Rede Globo, programas e produtos foram criados e, num piscar de olhos, a pessoa com deficiência ­ como o visual ­pode ter outras opções, além de fabricar vassouras e vendê-las de porta em porta. Assistimos, encantados, essas pessoas tornarem-se analistas de sistema; pessoas com paralisia cerebral e com a inteligência preservada tornarem-se capazes de se comunicar, apenas para citar alguns usos da informática e das tecnologias da informação.



Informática e informação caminham de mãos dadas, complementando-se. Para que a pessoa com deficiência possa ser um cidadão no sentido pleno da palavra, é preciso que ela tenha acesso à informação. Mais do que isso, precisa aprender a consumir informação, selecionando o que é relevante para suas necessidades atuais.



Ora, a Internet é o local onde a informação circula e onde as pessoas se encontram. Assim, todos os que não têm acesso a este mundo virtual tornam-se “infoexcluídos”, o que acarreta graves repercussões em suas oportunidades de educação, de profissionalização, de cultura e de lazer. Daí o esforço no sentido de promover a universalização do acesso, de desenvolver software e hardware adaptados, de promover cursos de capacitação voltados para os segmentos excluídos.

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