Rosa Riccó – Perceber sem ler



Artista plástica, desenvolveu no interior paulista, através de um projeto de iniciação científica, uma exposição de pinturas para serem tocadas e sentidas por deficientes visuais



Publicado em 26/08/2002



Vem da cidade paulistana de Bauru um exemplo positivo de arte produzida para deficientes visuais. Uma pesquisa desenvolvida pela artista plástica Rosa Maria Riccó Plácido da Silva, pretendeu verificar possíveis materiais expressivos e adequados para a confecção de trabalhos artísticos sobre tela, ou outras bases, destinados especificamente aos portadores de deficiência visual. Constatou-se inicialmente, através da leitura de livros especializados no assunto e na busca de informações mais abrangentes junto a entidades ligadas aos deficientes visuais, que não havia conhecimento até o presente de trabalhos de natureza artística, isto é, a concepção e execução de obras artísticas voltadas especificamente para esse público.



A vista destas informações procedeu a organização de um projeto de pesquisa sob título “Perceber sem ver – uma proposta de artes plásticas para deficientes visuais (dv)”, contemplada com bolsa de Iniciação Científica pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – orientadora: Profa. Dra. Nelyze Apparecida Salzedas – UNESP/Bauru e co-orientador: Prof. Carlos Alberto Albertuni – USC/Bauru) e desenvolvida junto a Universidade do Sagrado Coração na cidade de Bauru (SP), tendo por objetivo viabilizar a produção de trabalhos artísticos destinados aos deficientes visuais.






A concretização desta pesquisa visou possibilitar um ingresso e uma compreensão da arte pelo público alvo do projeto, proporcionando a ampliação do universo de seus conhecimentos. Foram realizadas visitas a escolas, sociedades e organizações ligadas aos deficientes visuais, onde através de entrevistas sob a forma de questionário e registro in loco de informações várias idéias foram colidas. Na seqüência a dedicação na busca por materiais expressivos que pudessem serem utilizados para a confecção das obras artísticas e finalmente a realização de uma exposição para verificação de resultados junto ao público deficiente visual.



Segundo os resultados do projeto descritos por Rosa Riccó, “através da confecção de um quebra-cabeça, de compensados constando de 9 pedaços medindo os 210 x 300 mm cada, elaborou-se um desenho que foi transposto para o papel vegetal e recortado segundo as dimensões das placas. O desenho elaborado inicialmente foi copiado para cima das placas com papel carbono. Cada pedaço do desenho foi recortado em cima das texturas já mencionadas e coladas, com cola “cascorez”, sobre as pranchas demarcadas anteriormente.



O relatório do projeto narra que “para o teste definitivo desses materiais, utilizaram-se, inicialmente, das placas isoladamente, sendo que na seqüência as mesmas formas eram aglutinadas formando um quadrado de 900 x 630 mm. Verificou-se que a dimensão, não era de fácil acesso para a extensão do braço, pois eles não alcançavam na totalidade o quadrado. As figuras, configuradas como abstratas confundiam os D.V., uma vez que na sua maioria o tato ficou relegado a um plano menor, isto é, gerou uma confusão.



“No entanto em relação às texturas, conseguiu-se determinar os sentimentos, tais como, ódio agonia, coisas ruins, desagradáveis, tristeza, alegria, coisas boas, brincadeiras, amor, saudade, distância, ansiedade, carinho e dificuldades de manuseio, Os sentimentos mencionados foram utilizados nas obras destinadas aos D.V.”, continua o relatórios escrito por Rosa Riccó, descrevendo: “Foram confeccionadas sete telas na dimensão de 600 x 600 mm , sendo que a dimensão final das obras foram estabelecida na dimensão de 500 x 500 mm. Os temas definidos para se trabalhar foram aqueles ligados ao amor e a beleza. Os títulos ficaram assim definidos: 1. teatro, 2. música, 3. dança, 4. Pintura, 5”

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