OS ALUNOS COM OU SEM DEFICIÊNCIA DIALOGANDO COM A ARTE – EMÍLIO FIGUEIRA

Palestra feita para a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, dezembro de 2021. Baixe gratuitamente a atualização de meu livro AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DIALOGANDO COM AS ARTES, fruto do meu mestrado em Educação Inclusiva em 2012.

O trabalho com a arte no ambiente escolar passa necessariamente pelas questões básicas das características que deve ter uma Sala de Aula Inclusiva. Uma delas são as estratégias metodológicas e ações pedagógicas, permitindo aos alunos o acesso igualitário a um currículo básico, rico e uma práxis pedagógica de qualidade.

Os professores que trabalham nesta área, deverão partir do princípio que todos os alunos com deficiência são capazes e podem desenvolver suas potencialidades, tendo claro em mente que, quem pouco experimenta em si mesmo, pouco pode reconhecer no outro. 

As relações professores e alunos devem adquirir uma dimensão de transparência e respeito. No processo de Educação Inclusiva, poderá surgir a necessidade das adaptações curriculares que, tais adaptações apresentam como objetivo principal o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, tendo como ponto principal a elaboração do projeto político-pedagógico (PPP) e a implementação de práticas inclusivas na escola. Essas adaptações devem ser realizadas quando necessário, para tornar o PPP adequado às características dos alunos com e sem deficiência.

No fazer artístico pode ocorrer o aprimoramento da sensibilidade que adquire, além dos aspectos reais, um sentido altamente simbólico que abre novas perspectivas criadoras para os seres humanos. Estabelece-se uma íntima relação entre os sentidos perceptivos, compreendendo esta percepção, se ampliam à sensibilidade e a imaginação, como uma expansão do horizonte pessoal.

Oferecendo atividades artísticas às crianças, adolescentes e adultos com ou sem deficiências, teremos como objetivo, a sociabilização com a possibilidade de integração/inclusão e outros objetivos sociais. Por meio da Arte poderemos aprimorar-nos da multiplicidade de recursos disponíveis nas técnicas de artes, procurando oferecer a essas pessoas a oportunidade de: expressão, autoafirmação, livre exploração, bem como de incentivar a criatividade de cada um, permitindo compartilhar o conhecimento obtido por meio desta experiência. 

Em escolas que mantenham salas de artes, essas pessoas devem encontrar a oportunidade de participar de uma situação social gratificante: compartilhando o material com os colegas, observando o que o companheiro está fazendo ou produzindo, conversando e ouvindo o que o colega tem a dizer, esperando a sua vez de ser atendido e, assim, aprendendo e vivenciando a cooperação e integração/inclusão. As atividades artísticas vivenciadas no ambiente escolar podem e devem ter reflexo na vida cotidiana desses alunos. 

A arte pode ser uma forma de combater o individualismo, uma vez em que nivela todos por iguais. Ser o início da construção de uma sociedade pluralista, formada por pessoas diferentes, com capacidades diferentes, com lugar para todos em termos de igualdade para todas as pessoas que, nas suas individualidades, têm capacidades, gostos, aptidões e oportunidades. 

Investindo no espírito de cooperação de todos para o bem de todos, estaremos possibilitando uma ação educacional integrada, desestimulando políticas competitivas e individualistas, mais cooperativistas que valorizem produtos coletivos, participação diferenciada dos membros, segundo suas capacidades próprias, estimulando a que cada um dê o máximo de si para o próprio bem e o bem de todos.

Enquanto professores, temos grandes responsabilidades na função de ajudar o aluno com ou sem deficiência na elaboração do seu processo artístico, no regaste da importância humana, criativa e expressiva desses cidadãos valorizados por meio de uma humanidade com consciência plural e social. Acreditando principalmente em nossa própria capacidade de ser professores e em nossa tarefa de educadores.

O fazer artístico coloca como principal esforço a singularidade de cada pessoa, sendo um princípio básico e fundamental da boa educação pela arte que cada estudante observe e descubra por si mesmo suas próprias forças, inclinações, possibilidades e limitações. O ensino da arte está íntima e fundamentalmente envolvido com os sentidos humanos. As respostas imaginativas e perceptivas implicam em ouvir, tocar, sentir, degustar melhor o mundo físico estimulador que nos rodeia.

Em outro aspecto, as artes, nas suas variadas manifestações, oferecem a possibilidade de transcender os limites dos acontecimentos cotidianos, permitindo ao indivíduo uma extensão da sua experiência na vida real e descortinando novas visões no sentido da fantasia e da criatividade, dando ao aluno um sentido do passado, visão do presente, prospecção do futuro; procurar desenvolver sentido crítico e analítico da realidade, ao mesmo tempo em que se reconhece a riqueza subjetiva dos sentimentos, valores, percepções e potencialidades; um diálogo estabelecido entre o estudante e sua cultura, intensificando o sentido de humanização progressiva e comunitária; bases do enriquecimento pessoal e moral do ser humano em uma prospectiva cada vez mais ampla da sua pessoa e das suas circunstâncias.

Na Educação há duas visões. A visão tradicionalista do ensino, a educação bancária, onde o professor vê o aluno como um banco, no qual deposita o conhecimento. O aluno é como um cofre vazio em que o professor acrescenta fórmulas, letras e conhecimento científico até "enriquecer" o aluno. 

É por isto que esses professores não veem como encaixar os alunos inclusivos nela e declaram que não conseguem lidar com a inclusão. 

E existe a visão dos professores abertos às mudanças, ao novo e diante de alunos inclusivos, ou de qualquer outro, vão se informar, conviver, descobrir e buscar todas as potencialidades de corações abertos.

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