HOJE MINHAS LIMITAÇÕES SÃO APENAS FÍSICAS

#paracegover – Emílio Figueira sentado em sua mesa de trabalho, computador, papéis, quadros na parede e o título da crônica: Hoje minhas limitações são apenas físicas

Nessa gostosa onda de fazer bate-papo online com escolas e professores, esses dias falamos sobre minhas limitações físicas e de como meus primeiros anos de reabilitação na AACD, foram fundamentais para meu desenvolvimento físico e práticos diários.

Quando menino, eu participava de tudo, corria, jogava bola, nadava, subia em árvore. Adulto, morando em Bauru, tomava ônibus sozinho, andava longas caminhadas, atravessava ruas e avenidas movimentadas, frequentava todo o comércio. 

Desde pequeno tive consciência da minha própria realidade. Morando em Guaraçaí, eu sabia que nunca teria condição de ser um pedreiro, um pintor de parede, um mecânico, trabalhar no comércio, por exemplo. Mas sentia que poderia desenvolver atividades intelectuais, o que foi acontecendo de forma natural. É o que Vygotsky chamava de desenvolver outras habilidades compensatórias. 

Ao voltar em 2007 para morar em São Paulo, foi diminuindo minha mobilidade. Isso é comum na vida de qualquer pessoa. E para quem tem uma deficiência motora como a minha, esse processo pode ser mais acelerado ainda, devido ao grande degaste de manter a coordenação em todas as atividades e conversas. 

Em entrevista à Veja, questionaram-me: Você já se sentiu em desvantagem em relação a outros jornalistas, acadêmicos e alunos?

Nos meios acadêmicos e escolares não. Mas na parte profissional com certeza. Não pude conviver pessoalmente com outros jornalistas, frequentar redações, ambientes da categoria, o que me impediu de ser conhecido no meio e oportunidades na carreira.

Outro exemplo, há dois anos estudo para ser roteirista, profissionais que frequentam produtoras, produções teatrais, televisões, amizades com diretores e cineastras, o que abre muitas portas. Eu por não ter essa autonomia física de conviver com eles, certamente tenho uma desvantagem.

Meu modo de aparecer e me comunicar com o mundo e produzir nos últimos anos foi via internet. E o que vocês experenciam como isolamento social, para muitos de nós com deficiência, infelizmente, sempre foi uma rotina. Só que o importante será o peso, o valor que damos a ela e como podemos nos reorganizar a partir dela.


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