#pracegover – Print de uma tela de computador onde Emílio Figueira faz uma palestra e ou lado o chat de comentários dos participantes / Foto: Reprodução |
Os últimos meses realmente tem sido de grandes desafios e descobertas. Na última sexta-feira, à convite do pessoal e meus amigos da DRE/Butantã (uma das Delegacias Regionais de Ensino da Prefeitura Municipal de São Paulo), participei da minha primeira palestra online.
O convite me foi feito poucos dias antes pela minha amiga Daniele. E como sempre digo metaforicamente aos meus amigos, “eu fico lá no bar da esquina, se precisar, é só assobiar, que venho correndo!” Lá fui eu para duas palestras no mesmo dia.
Só que dessa vez, sentado da “minha redação”, como chamo a mesa de trabalho no canto do meu quarto. Lá estava eu, olhando, olhando para a tela do computador, interagindo com muita gente, sendo auxiliado pelo Daniel, Ana Lúcia, Thiago e toda equipe da DRE/Butantã.
Eles comentavam que eu estava dando a minha contribuição ao evento. Mas no fundo, era eu quem estava aprendendo com aquela experiência, controlando-me para falar mais calmo e ser compreendido por todas as professoras. Mais uma vez, derrubando minhas próprias barreiras, descobrindo-me na possibilidade de me abrir para fazer tantas outras palestras online para todas as regiões brasileiras, localidades onde nunca poderei estar pessoalmente.
Guimarães Rosa dizia, “mestre não é quem sempre ensina, mas é quem sempre aprende!”
Uma das propostas do evento era que eu relatasse um pouco sobre minha rotina sobre o que tenho feito durante a pandemia. Escrevi um depoimento que o Thiago gentilmente leu aos participantes:
Após completar 50 anos, ao iniciar 2020, decidi me dedicar integralmente à carreira de escritor. Planejei que todos os dias iria fazer pelo menos uma ação em direção a isto. De repente, eu e todo o mundo, fomos surpreendidos com o vírus corona e o isolamento social.
Mas como eu digo, o show de todo artista tem que continuar! Estou em casa desde fevereiro. Nesse tempo, comecei escrevendo o texto de um musical infantil. Depois um livro infanto-juvenil, pois pretendo logo começar a publicar para crianças e adolescentes.
Reformulei eu mesmo o meu site pessoal com muitos conteúdos interessantes. Nesse site, comecei a escrever crônicas semanais, divulgadas em minhas redes sociais sempre com uma visão positiva e o pessoal tem gostado bastante.
Peguei alguns de meus livros já publicados, revisei para novas edições e novas capas e eles foram relançados pela Amazon que também lançou quatro títulos meus em inglês e espanhol.
Em março, escrevi o romance “Ventos nas velas!”, também lançado pela Amazon. Relancei o meu livro de memórias “O Caso do Tipógrafo” e por conta dele, no último mês dei entrevista e saí em vários órgãos de imprensa como o Estadão e entrevista à revista Veja. Até já participei de algumas lives...
Há três anos faço um misto de fisioterapia com pilates. Eu trouxe essa prática para dentro de casa e desde março, duas vezes por semana, faço com minha fisioterapeuta uma hora de exercícios por videoconferência.
Recentemente, fechei a segunda versão de um roteiro de longa-metragem, uma história sobre educação inclusiva, inscrito esta semana em um concurso internacional. E estou começando a escrever a continuação do meu romance “Ventos Nas Velas!”
Sabe, essa rotina de ficar quase o tempo todo em casa em minha mesa de criação, eu já tinha antes da pandemia. O que vocês hoje estão experenciando como isolamento social e privações, para muitos de nós, pessoas com deficiência, infelizmente, sempre foi normal.
Nesse período, vi em redes sociais e sites de notícias, tantas pessoas poletizando o tema, procurando culpados, discutindo quem tem razão sobre o que pode ou não pode fazer, julgamentos sobre os comportamentos alheios e até sobre medicamentos se criou polemicas.
Quase todos esquecem de uma cuida tão básica. Tudo que acontece no mundo é uma permissão divina de Deus! Só que, estamos tão displicentes, inchados de nossas próprias opiniões e desejo de impor nossas vontades como verdades absolutas, que não percebemos que junto com essa pandemia, Deus mandou a oportunidade de pararmos um pouco com a vida frenética.
Pararmos e olharmos para dentro de nós, nos autoconhecermos. Conviver e conhecer melhor aqueles que vivem ao nosso redor, muitas vezes dentro de nossa casa. De perceber o outro e recriarmos o senso de coletividade. De recriarmos o hábito da caridade, olharmos para pessoas necessitadas ao nosso redor.
Para mim, essa pandemia trouxe, sobretudo, o desafio do desconhecido e a oportunidade de nos melhorarmos enquanto ser humanos!!!
Área
Crônicas 2020 à 2021