#pracegove – ao fundo uma cidade com céu azul. Em primeiro plano, o Hulk dos anos 80, verde, calça marrom justa, braços abertos com expressão de raiva |
Embora um brutamontes, era politicamente correto. Não socava ninguém, gostando mesmo de arrasar com os malfeitores a distância ou esmagar as armas e virar os carros deles. Fato que me marcou muito é que, após tudo resolvido, cada episódio terminava em um tom melancólico, o Dr. Banner indo embora da cidade com um característico solo de piano ao fundo.
Esses dias, pensando nas pessoas que passam por nossa vida, o Hulk me veio como uma metáfora. Há pessoas que aparecem durante nossas dificuldades, dúvidas, angústias e em nossos inúmeros questionamentos existenciais. Ou até mesmo um pouco antes dos problemas começarem. Dr. Banner conseguia a cada episódio um novo emprego perto das pessoas que necessitariam de sua ajuda. Na realidade, essas pessoas surgem basicamente no papel social de amigos. Entram de maneira natural em nosso dia-a-dia. Mesmo conhecendo há pouco tempo, temos a sensação que a conhecemos toda a vida, sendo dignas de nossa confiança e confidências.
Sentimo-nos tão bem junto dessas pessoas. Elas parecem nos entender num olhar. São sensíveis, delicadas, jamais tem um juízo de condenação ou críticas destrutivas para conosco. Pelo contrário, sempre nos dão um sorriso de conforto. Mesmo se elas não tiverem uma palavra de consolo no momento, seus olhares, suas existências ao nosso lado, o fato de nos ouvir, já nos trará alívio. Essas pessoas nos ajudarão, serão fonte de inspiração e superação.
De repente, nossos problemas, conflitos existenciais de momento, se não solucionados definitivamente, pelo menos perdem o grande peso que tinham sobre nós, tornando-se tão pequenos que não nos incomodam mais. Percebemos que estávamos muitas vezes, fazendo de uma formiguinha um elefante.
Gosto de usar como figura o mundo como um grande tabuleiro de xadrez onde somos as peças que Deus, em sua infinita sabedoria, vai nos mexendo, aproximando e distanciando conforme as necessidades. Muitas vezes, essas pessoas sabem que podem e têm o imenso prazer de ajudar sem cobrar ou pedir nada em troca.
Sem percebemos, os contatos quase que diários diminuem de maneira acentuada, chegando até a saírem de nossas histórias. Como no seriado, a melancólica música ao piano começa a tocar. Essas pessoas se vão da mesma forma natural que entraram em nosso mundo particular. São como “O Incrível Hulk” que cumpriu mais uma missão. Para aonde vão só o destino saberá. E com certeza, se novamente precisarmos durante o nosso peregrinar nesta vida, depararemos com outros Hulks em formas humanas.
Área
Crônicas 2020 à 2021