OS NOSSOS MEDOS DE CADA DIA – Por Emílio Figueira

#pracegove – silhueta de um rosto e duas mãos escuras em primeiro plano, expressão de pavor. Foto: Reprodução

Por causa do isolamento social que estamos vivendo, três semanas atrás, minha fisioterapeuta e professora de pilates, Cleide Alves, mandou-me um recado que me chamaria por vídeo no celular para fazermos exercícios. No momento fiquei um pouco tenso em pensar como eu poderia controlar, apoiar o celular, conversar e fazer as atividades ao mesmo tempo. Pela minha paralisia cerebral, não consigo fazer duas atividades simultâneas. Além do que, com bom humor, sou homem e as mulheres dizem que nossa cabeça só processa uma coisa por vez.

Encarei os exercícios e correu tudo descontraidamente. E nas próximas chamadas, encontrei o local e posição certa para deixar o celular e estou cada vez melhor e empolgado nos exercícios. O que, por uma questão de consciência corporal, tenho que me policiar muito mais para fazer tudo corretamente.

O ser humano é assim. Sempre trememos em menos ou mais intensidade, o novo. Tememos e resistimos, mesmo que seja inconsciente, sair da zona de conforto. Por vezes, postergamos muitas coisas.

Outro exemplo que às vezes nós mesmos nos autolimitamos, eu tinha um celular comum e temia mudar para um mais moderno e não conseguir usar por ser touch. No meu aniversário em 2018, ganhei um smartphone da minha mãe e irmã para tentar. Em poucas horas eu já estava fazendo tudo nele, até digitando textos.  O celular hoje é meu computador de mão e é justamente por meio dele que estou fazendo as aulas de pilates. O melhor caminho para vencer nossos medos é enfrentá-los!

Mais que enfrentar nossos medos, é ter consciência de si mesmo. Diante das dificuldades, nunca deixo de pedir ajuda quando necessito. Conheço muitas pessoas com deficiência que por orgulho, ou até mesmo para se auto afirmarem, não aceitam ajuda, chegando até mesmo serem ásperas. Mas eu não, nunca tive problema com isso. Às vezes nem estou realmente precisando de ajuda, mas a pessoa se oferece com tanto carinho e boa intensão de ajudar, que aceito num sorriso.

Gosto de fazer “pirraça” para os meus pensamentos limitantes... Sempre que eles dizem que não sou capaz de fazer algo, vou lá e faço, mesmo que não seja exatamente como as demais pessoas, mas faço do meu jeito.

Não quero parecer melhor que ninguém, mesmo porque eu não sou. Mas perante os desafios que a vida sempre me impôs, aprendi que diante de qualquer limitação que aparece por causa da minha deficiência, a não exclamar que “não vou conseguir”, mas a dizer “eu vou tentar”! E no velho jogo de tentativas, erros e acertos, é que vamos nos autoconhecendo, ganhando confiança, maturidade e eliminando nossos medos naturalmente como quem lança bolinhas de papéis no cesto do lixo!

Até mais vê!

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